terça-feira, junho 07, 2011

Os nossos elefantes brancos

A reunião era só às 14h30. Dava pois para sair calmamente do Porto a meio da manhã. Sendo em Paço de Arcos, a segunda auto-estrada que liga o Porto a Lisboa era ainda uma opção. Como o meu carro já aderiu (ou foi forçado a aderir) a um daqueles aparelhinhos pagantes das Ccut, assim decidi fazer e, depois de Antuã, lá tomei a direcção de Aveiro, rumo à crel.

Pouco depois apresentava-se à minha esquerda o famoso estádio de futebol do Beira Mar, que lá se vai mantendo em pé. Até quando?

Vieram-me então à memória outros que tais, como é o caso do de Faro. Vão-se os clubes mas fiquem aquelas belezas de cimento. Mas como, mesmo vazios, mantê-los em pé tem custos, empurrem-se as facturas para os cofres públicos... De minha casa ainda avisto o do Bessa que lhes vai seguindo as pisadas.

A certa altura lá entrei na famosa A17. Nova, de fácil condução e três magníficas pistas para cada lado. Uma maravilha a que só falta uma pequena coisa: veículos a circular! Na manhã seguinte, ao p’ra cima, tomei a A1. Sempre se vê algum movimento e ainda tem uma saída bem perto da Bairrada, que permite algo mais que duas fatias de pão saloio embrulhadas em celofane.

À noite o jantar era em Leça. Passado o Castelo do Queijo, também à minha esquerda se apresentou o famoso edifício, que dá pelo estranho nome de transparente, e que alguém achou que ali poderia ficar bonito. Foram anos em plena degradação até que se lhe arranjasse uma qualquer duvidosa utilidade...

Já em Leça, uma vez mais à esquerda, avisto ainda a também famosa, e cara, estrutura a que pomposamente apelidam de estação de tratamento de efluentes, mas que mais não é que um mísero tanque de decantação, que aliás pouco decanta, e que atira toda a porcaria para mais longe da costa, por um caríssimo tubo construído sob o mar, que fora planeado com 2,8 kms, mas que as dificuldades rochosas encontradas (?) obrigou a fazer mais curto. Faz lembrar o que comprou uma boquilha quando o médico lhe recomendou que se afastasse do cigarro... Com o dinheiro gasto ter-se-ia feito um tratamento aeróbio, seguramente bem mais eficiente.

Tal como estes, o país está cheio de muitos outros elefantes brancos. Como de muitas outras estranhas construções que, a final, só o destróiem...

E assim vai um país pobre gastando rios de dinheiro, naturalmente dos outros, para que na eleição seguinte o povo reconheça que foi feita “obra”. A ver vamos se vai a haver mudança de hora!

3 comentários:

  1. Apreciei especialmente a 'boutade' da boquilha. Estás em forma!
    Abraço
    douro

    ResponderEliminar
  2. Eu também sou a favor da mudança da hora, mas só se for em todo o país ao mesmo tempo...

    um abraço

    JAC

    ResponderEliminar
  3. É o que dá reuniões às 14h30m. Eu teria marcado a reunião para as 9, sugestão aliás que deixo ao PPC

    JAC

    ResponderEliminar