quarta-feira, junho 22, 2011

Corridas e Cultura

Sempre que se aproxima o circuito da Boavista, alguns jornalistas, políticos, comentadores e adeptos da “nossa esquerda”, aproveitam para apontar o dedo ao “despesista” Rui Rio. Antes de mais, confesso que não tenho qualquer ligação pessoal e/ou política ao Presidente da Câmara do Porto. Sendo assim e assim sendo, sinto-me perfeitamente à vontade para fazer uma pequena reflexão sobre mais uma hipocrisia dos “nossos pensadores ditos de esquerda” (se é que ainda faz algum sentido esta distinção). Muitos deles nem sabem muito bem porque são de esquerda. Fazem-me lembrar alguns benfiquistas que também nem sabem muito bem porque são benfiquistas; apenas sabem que é a equipa do Eusébio. Mas já aprendi que, neste País, quem disser que é de esquerda, for do Benfica e admirar ou até aceitar tudo aos Homosexuais, vai longe…Aproveito para dizer que nada tenho contra a homosexualidade, mas não me revejo nela. É apenas uma questão de opção.

Nasci e vivo no Porto há 47 anos. Não tinha a mínima noção dos Grandes Prémios do Porto, muito embora o meu Pai me falasse de algumas velhas glórias da F1 que, em tempos, tinham corrido na Circunvalação e na Avenida da Boavista. Tenho e tinha na Família dois corredores de automóveis, sendo que um deles foi Campeão Nacional de Ralis, na sua categoria (desculpe Tio António, mas não me lembro que categoria era). Lembro-me bem das saudosas corridas de Vila do Conde e de Vila Real. E sobretudo do Rali de Portugal considerado, várias vezes, o melhor do mundo! Ou seja, o Porto e o Norte de Portugal sempre tiveram uma certa tradição, no que diz respeito ao desporto automóvel. Neste contexto, é de louvar a iniciativa do Presidente da CM do Porto. Resolveu devolver ao Porto o orgulho de um passado ligado às corridas de automóveis. E, como alguém disse um dia: “um povo que não conhece a sua história, não tem futuro”. Embora reconheça que esta frase peca por exagero neste caso. Mas era só para chocar um pouco. Até porque estamos a falar de automóveis…

Aqui chegado, acho uma verdadeira hipocrisia o que se escreve sobre este evento. Uns criticam o barulho (nunca os ouvi criticar os concertos da Queima das Fitas); outros criticam os condicionalismos nos acessos aos moradores. Santa hipocrisia! Imaginem se esta tese tivesse vingado, qual seria o futuro do GP do Mónaco? Ou mesmo de muitas provas famosas disputadas em circuitos urbanos; por último, os críticos do dinheiro gasto. Os mesmos que aceitariam qualquer dinheiro gasto pela CM do Porto aos amigos ligados à Cultura. Aqueles que, durante anos, andaram a promover os mais variados espectáculos, à custa do nosso dinheiro e, em muitos casos, sem público. Mas como, regra geral, convivem nos mesmos ambientes e, em alguns casos, até são amigos, podem gastar milhões “nesta cultura” que não faz mal. Estou à vontade para falar nestas duas áreas. Por um lado, gosto da animação da cidade e da adesão das pessoas a este evento e não recebo nada por isso; por outro, estive ligado a alguns eventos culturais (alguns da minha criação) e que nunca precisaram de ser “subsido-dependentes” dos dinheiros públicos. Fazia questão de não o serem!

Que este fim-de-semana traga movimento à cidade e que volte a ver entusiasmo nos aderentes, como tenho visto todos os anos. Parabéns ao Dr Rui Rio por esta iniciativa e por honrar o passado e a tradição da “minha” cidade.

Nuno Ortigão

1 comentário:

  1. Para si ser de "esquerda" é como ser do benfica? É clubismo não é?

    Ridiculo!

    Já agora, permita-me dizer-lhe que ser de "direita" é ser da gente gira e da moda? Fica sempre bem, gente pobre é de esquerda!!

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