quinta-feira, abril 07, 2011

Vem aí o Fundo

Seja lá qual for, europeu ou mundial, o fundo vem aí.
Finalmente.

Vem com uma única preocupação: garantir que os credores são reembolsados. Oferece taxas de juro mais atraentes.
Normal.

Traz com ele fiscais, que vão "supervisionar" - ou qualquer outra fórmula equivalente que lhe queiram chamar - a actuação e sobretudo os gastos do governo; sobretudo do próximo, do que resultar das eleições.
Ainda bem.

Não sejamos ingénuos, iremos pagar um preço alto. Não tanto pela "ajuda", que será bem mais barata do que o que pagaríamos aos "mercados", se ainda os houvesse. Mas sobretudo pelas inevitáveis correcções aos erros do passado.

Será necessário fazer escolhas e escolhas difíceis.
Pela minha parte sugiro já duas.

Primeiro: devíamos apurar a totalidade da dívida pública ou dependente do estado (empresas públicas de transportes, etc), e depois pedir o máximo possível agora, calculado por cima de preferência, e por um prazo razoável para dar tempo de reorganizarmos toda esta bagunça numa base mais sustentável. Devíamos concentrar a negociação precisamente nos prazos e nas taxas. Se é para ajudar, que seja com taxas generosas. O que quer dizer que devíamos sobretudo negociar o 'spread' (ou divergência) com a taxa a que se financiam os nossos credores (desde logo a Alemanha...). E claro, se necessário (e penso que sim), não esquecer de negociar quanto é que não pagaremos da actual dívida; de facto, mais vale fazê-lo já, por quantias razoáveis (ou seja, pequenas), mas de uma forma realista, do que vir a fazê-lo mais tarde, quando eventualmente percebermos que sem crescimento nem com esta ajuda vamos lá (como parece já estar a acontecer na Grécia e na Irlanda).

Segundo: devíamos desenvolver planos para consolidar a dívida pública e eliminar o défice no prazo mais curto possível. Dois anos, parece-me razoável. Ou seja, em 2013 teríamos um orçamento equilibrado.

Se conseguirmos fazer estas duas coisas, teremos criado condições para voltar a crescer saudavelmente (gastando apenas o que temos para gastar) a partir de 2013.

O que implica que os planos prevejam desde já as medidas que iremos tomar a partir de 2013 para promover e estimular o crescimento, depois do reajustamento. E nessa altura começar a pagar os juros e a reembolsar dívida até chegarmos a valores sustentáveis.

Até lá, meus amigos, é tempo de cortar com os vícios, para salvar as virtudes.

1 comentário:

  1. Chantagistas e cobardes quando confrontados amoucham . Qual vai ser agora a pirueta do tal que não governa com o FMI?

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