sexta-feira, abril 15, 2011

O presentismo e o que está desoladoramente ausente das negociações - as três variáveis (I)


Dívida, recessão e "debt trap"

I. A Dívida 1978, 1983, 2011

1978
O défice público era de 10% do PIB. Com a intervenção do FMI, o poder de compra diminuiu 12%. O escudo foi desvalorizado em 27,6% entre 1977 e 1979, o que permitiu relançar as exportações (+27,2% em 1979). Não chegou a haver recessão.

1983
O défice público voltou aos 10%. A inflação chegara aos 34%, em grande parte devido à desvalorização monetária anterior, anulando parcialmente os efeitos positivos desta sobre a competitividade nacional, mas reduzindo também a dívida real. Com a intervenção do FMI (desvalorização da moeda, baixa dos salários reais, subidas de impostos e congelamento das prestações sociais), o poder de compra diminuiu 18% e a taxa de desemprego disparou para 8,8% (em 1985). Mas as exportações começaram a crescer 10% ao ano, ao ponto de a balança de transacções correntes passar a ser excedentária. O montante do empréstimo foi de $ 650 milhões, ou seja, 3,5% do PIB.

2011
Défice crónico da balança de transacções correntes (8-10% desde 2000). Desvalorização impossível (para já…). O défice do Estado ronda os 9%. Competitividade zero.

Há alguém no seu perfeito juízo ou de boa fé que imagine que esta dívida é pagável sem ser "ajustada"? 80 mil milhões de euros, metade do PIB? Em 1983, foram 650 milhões de dólares, 3,5 % do PIB.

Bartolomeu

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