Eu tenho o vicio de procurar simplificar os problemas que vejo pela frente. Faço-o com três técnicas principais. Uma é retirar emoção à análise e a outra é dividir o problema em partes e por fim, a última, é aceitar que há problemas insolúveis.
Na actual situação Politico-Económico-Financeira acho que poderemos usar as três técnicas em simultâneo.
Com a primeira, retirar emoção á análise, concluimos que temos uma divida pública que não conseguimos fazer parar de crescer e que dificilmente conseguiremos pagar. A razão deste acumular de dívida reside na escolha que, nós Portugueses, fizemos para o nosso modelo de desenvolvimento(totalmente baseado no papel do Estado) e que nos leva ao 2º problema que temos (pouco falado é certo) de uma balança de transacções completamente desequilibrada. Gastamos mais do que somos capazes de produzir. Essa diferença é suprida por empréstimos do exterior. É esta a razão para, tanto o estado como as famílias Portuguesas estarem sobre endividadas. Em resumo, ao longo de 30 anos gastámos mais do que produzimos, alicerçámos a maior parte da iniciativa económica no estado e estamos completamente sobreendiviados. Agora é o momento dos credores dizerem que basta e, pior ainda, dizerem o que temos de fazer sob pena de pararem de nos emprestar dinheiro.
A segunda "técnica" é partir o problema ao bocados. Eu sugiro que o partamos em dois bocados (muito grandes). Um é o sobreendividamento do Estado o outro é a nosso desquilibrio na balança de transacções correntes (a diferença entre o compramos ao exterior e o que lhe vendemos).
- Para o primeiro, o do estado, eu sou adepto de uma fortíssima redução de custos. Sou ainda adepto de um modelo de baixa intervenção do estado na economia e de uma revisão completa dos critérios de investimento do estado. Sou adepto que a maior parte dos custos do estado deve ser canalizada para a assistência social e para a administração da justiça (reparem que não coloco aqui a Saúde e Educação que acho que não teremos recursos para garantir que seja gratuita para todos). Acho crítico que o objectivo seja termos um saldo positivo nas contas do estado para os próximos 10 anos no mínimo.
- Para o segundo, o da balança de transacções correntes o problema é muito mais grave. Aqui estamos a falar de estímulos à nossa economia, tanto para incremento de exportações como para substituição de importações. Isto para uma economia pouco competitiva como a nossa, com baixa formação dos seus recursos humanos e com uma enorme limitação no seu endividamento. Aqui eu sugiro que se promova quem arrisca, empreende, inova e cria valor. E por promova não advogo a atribuição de qualquer subsidio. O caminho é longo e difícil.
Por fim a terceira técnica, aceitar problemas insolúveis. Teremos uma vida muito difícil em Portugal para, pelo menos, a próxima década. Temos de aceitar isto. Quem nos disser o contrário mente e leva-nos pelo mesmo caminho que nos trouxe aqui. Aceitar isto significa aceitar que temos de ter outras opções nos gastos públicos e privados. Mesmo que essas opções não sejam a nossa primeira escolha. O bom senso nos gastos tem de imperar e temos de deixar de nos portar como "filhos de Pai rico". Estamos a pagar a irresponsabilidade dos últimos 30 anos de governação com ênfase nos últimos 6.
Resolver este problema é algo que devemos aos nossos filhos.
Sim senhor.
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