Das imagens que os meios de comunicação transmitem das manifestações da alegada “Geração à Rasca”, vêm-se novos, velhos, pessoas de meia idade, uns com bandeiras negras, outros com bandeiras nacionais, outros com cartazes. Mas também noto os cravos, rubros. Acolitam o desfile Garcia Pereira, o presidenciável Coelho, a Joana Amaral Dias, o jornalista Joaquim Letria e servem –lhes de coro os agora famosos “Homens da luta”. Haverá, com certeza outros. Os motivos que unem toda esta gente são diversos. Há uma clara influência das forças radicais de esquerda, mas não é só. Bastantes insurgem-se contra a dita precariedade laboral, outros contra as promiscuidades entre política e finança, há quem vergasteie no Governo. É, sem dúvida – utilizando o jargão de esquerda – uma séria jornada de luta. Luta contra tudo o que é status quo, contra o sistema que temos. É a jornada da desilusão.
De facto, muito embora o manifesto desta Geração seja muito, mas muito discutível, o facto é que há um sentimento comum que une todos quantos a ela se agregam…a causa da desesperança. Numa palavra: é a falta de futuro que saiu à rua…e é por isso que a rua vai ter futuro...
No fundo se há precariedade que tudo isto revela é a da coesão social, é a falência de um sistema que alimentou o alegado sucesso dos baby boomers. Ou melhor, a exposição da incapacidade da revolta de Abril em fornecer as respostas a um país em que quase vinte por cento da sua população é de extrema esquerda.
Portugal cresceu em Democracia e alimentou um sonho aos filhos e netos de Abril: o de que todos, todos sem excepção, cumprindo um percurso académico, adquiriam o direito a um emprego. Para a vida. É o portuguese way of life.
Tal percepção - alimentada interesseiramente, por todas as forças políticas do arco constitucional - nunca foi posta em causa. Por mera conveniência eleitoral. A pedagogia da verdade, do empenho, do mérito, jamais foi proferida. Por desnecessária. Haveria como que uma mão invisível do mercado e do Estado que tudo corregiria e a todos garantiria emprego e reforma. E a culpa de nada disto acontecer é, dizem, do sistema. E, realmente, o sistema não é boa companhia.
É por isso que esta manifestação não é um começo. É o princípio do fim de uma sociedade assente em valores que não são compatíveis com uma economia globalizada, livre e individualista. A rua é um sintoma, mas não vai ser a cura da doença. Empregabilidade, ou melhor, trabalho não se conjuga com vínculo.
Ora, como acorde de tudo isto está o hino desta geração que gosta de trautear as colcheias dos Homens da luta com os clamores de um emprego para a vida. Nos cartazes, nas palavras de ordem, na atitude, no próprio nome com que o movimento se auto designa há um misto de vulgaridade tingida de reivindicação. E esta identificação não se recomenda…e não é um bom sinal.
De facto, muito embora o manifesto desta Geração seja muito, mas muito discutível, o facto é que há um sentimento comum que une todos quantos a ela se agregam…a causa da desesperança. Numa palavra: é a falta de futuro que saiu à rua…e é por isso que a rua vai ter futuro...
No fundo se há precariedade que tudo isto revela é a da coesão social, é a falência de um sistema que alimentou o alegado sucesso dos baby boomers. Ou melhor, a exposição da incapacidade da revolta de Abril em fornecer as respostas a um país em que quase vinte por cento da sua população é de extrema esquerda.
Portugal cresceu em Democracia e alimentou um sonho aos filhos e netos de Abril: o de que todos, todos sem excepção, cumprindo um percurso académico, adquiriam o direito a um emprego. Para a vida. É o portuguese way of life.
Tal percepção - alimentada interesseiramente, por todas as forças políticas do arco constitucional - nunca foi posta em causa. Por mera conveniência eleitoral. A pedagogia da verdade, do empenho, do mérito, jamais foi proferida. Por desnecessária. Haveria como que uma mão invisível do mercado e do Estado que tudo corregiria e a todos garantiria emprego e reforma. E a culpa de nada disto acontecer é, dizem, do sistema. E, realmente, o sistema não é boa companhia.
É por isso que esta manifestação não é um começo. É o princípio do fim de uma sociedade assente em valores que não são compatíveis com uma economia globalizada, livre e individualista. A rua é um sintoma, mas não vai ser a cura da doença. Empregabilidade, ou melhor, trabalho não se conjuga com vínculo.
Ora, como acorde de tudo isto está o hino desta geração que gosta de trautear as colcheias dos Homens da luta com os clamores de um emprego para a vida. Nos cartazes, nas palavras de ordem, na atitude, no próprio nome com que o movimento se auto designa há um misto de vulgaridade tingida de reivindicação. E esta identificação não se recomenda…e não é um bom sinal.
TRONCOS DE ÁRVORE NA CABEÇA
ResponderEliminarQueixaram-se muitos comentadores encartados verdadeiras aparas do sistema, entre outros mimos da falta de nexo e de precisão do manifesto e do irrealismo de alguns propósitos. Que raio de exigência para com a espontaneidade de um grito traduzido em impar, civilizada e exemplar manifestação colectiva de cidadania e civismo. Hipócrita preocupação, quando sistematicamente se deixam passar em claro as proposições manhosa das campanhas eleitorais vertidas nos programas partidários e das promessas governamentais sempre desmentidas pela prática. Esta gente, viciada e tolhida pelos ecos da voz oficial, olharam para a árvore e só viram tronco em bruto, não percebendo ou fingindo não perceber que a partir daí se podem escrever livros e esculpir obras de arte. Em vez disso quiseram atirá-lo ansiosamente para a fogueira do seu inverno cerebral. A grande lição passou-lhes ao lado, como a coisa simples de que a manifestação e representação política não pode impunemente continuar açambarcada pela exclusividade partidária.
A este propósito deprimente o debitar de Pedro Marques Lopes no Eixo do Mal, brilhante a participação de José Adelino Maltez em debate também na SIC.