Pelos vistos já não sou o único a achar que não devíamos pagar tudo o que o actual regime nos fez ficar a dever - ou prometeu que ficaríamos a dever, como no caso das PPP.
Barry Eichengreen, considerado pelo Economist um dos mais importantes economistas do pós-crise financeira, afirma-o aqui no Público.
Pela minha parte, penso que devíamos começar por renegociar todas as PPP, o que implica explicar aos bancos financiadores das mesmas, e às empresas financiadas, o que é que não vamos pagar, em que novos prazos o vamos fazer e a que novos juros o aceitaremos, depois de termos repartido melhor os riscos envolvidos; é que sem partilha de risco não há PPP verdadeira, como bem tem sublinhado o Tribunal de Contas.
Além disso deveríamos aproveitar o próximo recurso aos fundos europeus (e ao FMI) para reduzir parcialmente a dívida externa junto dos nossos credores.
Finalmente deveríamos criar impostos que discriminassem negativamente (mais impostos) a compra de bens supérfluos, por forma a reduzir drasticamente o consumo de importações, sobretudo automóveis.
Mas tudo isto só fará sentido se nos propusermos a nós próprios um programa de correcção financeira que reequilibre as contas do Estado, em primeiro lugar, e a dívida externa em segundo. Em dois anos.
Ora, para conseguirmos este segundo objectivo será necessário encontrar caminhos de crescimento económico, como o CDS bem tem sublinhado. Quanto a mim proponho já duas áreas que merecem atenção redobrada dos próximos governantes: a floresta e o imobiliário para não residentes.
Estas são áreas de potencial ainda pouco explorado; reúnem capacidade de captação de investimento e perspectivas de aumento das exportações. Se se criar um regime fiscal atractivo, poderão traduzir-se a curto/médio prazo em aumento do emprego. Dizem-me ainda que há grande potencial na exploração das reservas de lítio existentes em Portugal; parece que se andam por aí a cozinhar os negócios do costume para entregar o esquema a alguns, poucos, amigos do regime; sabendo-se que a procura de lítio tende a aumentar e que as nossas reservas são importantes, uma solução óbvia seria liberalizar esse mercado e flexibilizar o licenciamento dos projectos de investimento já existentes e em preparação.
Para já não falar da venda de património do Estado, começando precisamente pelas florestas e prédios. Ao melhor preço e não aos valores de balanço dos institutos. O que interessa é liquidez.
Enfim, há por aí muito que fazer. É preciso e ter vontade. E preparar um programa que permita explicar aos portugueses que um esforço de 2 anos poderá ser recompensado com a retoma de crescimento no terceiro ano, em condições mais saudáveis do que actualmente. Sem défice. E com a dívida externa controlada.
É possível um Portugal melhor. Basta querer.
Acho que 2 anos nem com ventanias favoráveis...
ResponderEliminarabrs
JAC
Dois anos, caro JAC, era uma proposta de concentrarmos os sacrifícios necessários num período curto, tendo como objectivo chegar ao equilíbrio orçamental, para poder começar a crescer outra vez... Era, até ao Negócios da Semana de hoje.
ResponderEliminarDepois desse programa, Portugal não é o que pensava. Não sei bem o que será, mas é certamente outra coisa.