terça-feira, fevereiro 01, 2011

Postal de Pequim (4)

Foto Maria


“ O serviço de informação na China é mal feito e o Governo tem consciência deste problema”- escreve o diário oficial em inglês “China Daily” .
Segundo o Ministro da Informação Wang Chang, os porta- vozes dos ministérios não são competentes. Daí a necessidade em organizar cursos de formação em comunicação social para membros do partido e do governo que os prepare para situações em que têm de reagir ou comunicar sobre assuntos que não ousam ou não querem ou não podem abordar.

Mas na China a transparência, sobretudo na informação, tem limites. O regime considera que o acesso a uma informação não censurada é uma prerrogativa das autoridades governamentais.
O acesso da informação ao público em geral é um aspecto da democracia que não é aceite na China, e a liberdade de imprensa uma noção que não consideram útil.

Então qual a razão de toda esta preocupação com a formação dos porta vozes? O regime em Pequim parece ter tomado consciência de que a imagem que projecta para o exterior é importante para atingir os objectivos que se impõe. “A internet alterou a forma de comunicação dos média » diz o Prof.Li . »Já não chega ter um ou outro bom contacto com um ou outro representante de orgãos de comunicação ocidentais. »

O Governo considera urgente enquadrar a sua política num discurso propagandista credível e moderno.
E neste campo ninguém mais bem indicado para o ajudar do que Israel, grande especialista em propaganda.
Apesar de a China ser considerada um aliado dos Palestinianos tal não tem impedido que há já largos anos Israel tenha vendido a Pequim tecnologia de ponta com fins militares. Ao longo dos anos de ocupação dos territórios de Gaza e Cisjordânia, Israel desenvolveu técnicas de ponta e arsenais electrónicos e computarizados extremamente sofisticados no âmbito do controlo, vigilância e “intelligence” que desde 2004 tem vindo a partilhar com a China confrontada com insurreições por parte das suas minorias (Tibete e Uighours) e nas cidades e campos por parte de trabalhadores cada vez mais explorados.
Por outro lado, Israel tem também um imenso problema com a imagem que projecta para o exterior tendo montado um sistema de propaganda – hasbara – extremamente eficaz, mediante discursos bem programados e um controlo da informação por meio de lobbies bem alinhavados.

Sensiveis a tanta eficácia, um certo colonel Xeuning visitou Israel, em Março 2010, acompanhado de uma delegação do governo chinês, a fim de estudar as lições em relações públicas a tirar dos acontecimentos em torno da segunda Guerra com o Libano, em 2006 ,e da operação “Cast Lead”, em Gaza. E ao mesmo tempo visitar a escola do exército para formação nos meios de comunicação e na integração da função de porta-voz na planificação das operações militares.
Práticas identicas produzem o mesmo tipo de problemas, que exigem o mesmo tipo de soluções !

Maria

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