quarta-feira, fevereiro 02, 2011
Olhar-se ao espelho
Assistir em directo ao estertor de uma autocracia é empolgante, mesmo se estamos distantes e no conforto da poltrona.
Chega a ser patética a ginástica de certas democracias ocidentais, entaladas entre os valores em que se fundam e os interesses rasteiros que as fizeram coniventes durante tantos anos dos piores títeres. A opressão criará sempre revolta, que pode tardar mas há-de acontecer.
Os governos portugueses participam à sua maneira naquela ginástica de flip-flop com os Mubaraks de trazer por casa, ao promoverem a estadistas uma camarilha de corruptos que se apoderou dos palácios de Luanda. Há respeitáveis financeiros portugueses que entendem prosperar atraindo investimentos dos que roubam quotidianamente o povo angolano. São saltos de trampolim sobre os mais elementares direitos do Homem, a pretexto de que do outro lado há um cheque ou um contrato.
Até ao dia em que, de repente, há relâmpagos em céu azul.
Treinem a espargata.
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