quarta-feira, setembro 01, 2010

Spill-over

Não me acredito em efeito de spill over. Aliás, ninguém acredita, nem sequer quem o usa como argumento justificativo para o descarado esbulho que significa a divisão proposta dos fundos europeus pelas várias regiões do país. Quando Lisboa retém 109 milhões de euros para projectos próprios, mais 28 milhões que representam mais de metade do dinheiro conjuntamente atribuído a mais três regiões nacionais, alguém tem ilusões que o faz para beneficiar, ainda que reflexamente, o resto do país, ou essas mesmas regiões? A riqueza lisboeta nunca se deixou reproduzir, nem contagiou em momento algum o interior do país, ou a região Norte, ou o Alentejo, que assim se vêem sistematicamente privados dos fundos vitais para o seu desenvolvimento. De resto, devia ser proibido aos nossos governantes usar estrangeirismos e designações opacas de política económica que invertem a realidade. Neste caso, o efeito de spill over significa um efeito de sangria sobre as zonas mais pobres do país, ou inversamente, o engordamento da nossa capital que ainda se move e decide como quem tem império. O que pode acabar efectivamente por desencadear um gigantesco efeito de spill over, mas no sentido usado a propósito do desastre no Golfo do México: o do alastramento da mancha negra...

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