Eu também não gosto de Cavaco. Não gosto nem nunca gostei. Tenho, confesso, muito mais simpatia por Manuel Alegre, pese embora as companhias, o passado de Argel e o seu lirismo utópico-esquerdista, porventura próprio de um poeta mas não de um Presidente.
Também não gosto da forma como Cavaco exerceu as suas funções e competências, a começar pela famosa cooperação estratégica, estratégia que deu no que deu.
Não gosto ainda do seu estilo, dos seus enigmas, não gosto do que diz e, sobretudo, do que não diz. Gostava até, para bem dele, que perdesse as eleições e que conseguisse perceber porquê.
Só que tudo isto são estados de alma que me toldam o raciocínio e não considerações políticas racionais que levem em conta a situação catastrófica que o país atravessa.
Descendo à terra, não vejo como é que uma espécie de candidatura “confessional” protagonizada por José Ribeiro e Castro (ou por outra personalidade semelhante) poderia vir acrescentar o que quer que fosse à nação. Uma candidatura alternativa de “direita” moderna e verdadeira (direita que, de resto, talvez não exista em Portugal) para fazer sentido teria de ser uma coisa a valer e não apenas um movimento para marcar presença. Só que os tempos não estão fáceis e não se vislumbram gente, ânimo, ideias ou fazenda capazes de mudar o gráfico actual. A escolha, para mal de nós, vai ser mesmo entre Cavaco e Alegre.
Eleger Alegre nas condições actuais seria ou uma loucura ou uma brincadeira que, em qualquer dos casos, receio bem que agravaria o nosso caso, já não muito favorável, junto daqueles que nos emprestam dinheiro. Dinheiro esse sem o qual não conseguimos viver nem pagar as dívidas pois como toda a gente sabe o Governo não tem revelado a menor competência para reduzir a despesa e prossegue como se nada se passasse. Com Alegre em Belém, entre outros males, a parede onde, apesar de tudo, mais dia menos dia iremos esbarrar aproximar-se-ia a galope.
Eleger Cavaco, por seu turno, como me dizia há dias um amigo, não melhora nem muda nada mas pior não ficamos.
Cruel dilema.
O que nos diz este comentário é que sempre é preferivel optarmos pela "Aurea mediocritas" .
ResponderEliminarEnquanto que, a meu ver, uma boa revolução que abanasse uns e outros, Cavacos,Alegres , Rebelos e consortes teria pelo menos o mérito de despertar a imaginação dos mais audazes.