As reacções dos partidos e da generalidade da opinião publicada em Portugal ao veto do governo a Venda dos 30% que a PT detém na Vivo a Telefonica contrastam com as reacções fora do Pais.
Em Portugal não ouvimos um único partido contra a atitude do governo. Tivemos apenas a reacção do PSD que considerou "ilegal" a tomada de posição do Estado na Assembleia Geral da PT. Ficou claro que o PSD faria o mesmo (de forma diferente) se fosse governo.
No estrangeiro as reacção foram as opostas. A começar por se colocar em causa as "golden Share" (ou quaisquer direitos especiais do Estado sobre empresas privadas) a continuar com uma avaliação diferente sobre o "objectivo estratégico" desta operação.
Muitos dirão que é o nacionalismo que leva a estas reacções. E eu compreenderia se apenas as tivesse lido na imprensa espanhola. Mas li-as na imprensa inglesa e na Americana de igual forma.
Mas vamos ao negócio. Simplificando, a PT e a Telefónica são "sócias" em partes iguais na Vivo que gerem em conjunto. Pelos vistos esta gestão em conjunto não é do agrado de, pelo menos, uma das partes (a Telefónica). Esta é a razão da oferta de compra.
Inicia-se a negociação de preço. Com a PT sempre a dizer que não vende. Mas, a certa altura, o preço começa a ser bom e a Administração da PT sente que não pode manter esta posição sozinha porque a mesma afecta o valor da PT. Por isso chama os accionistas a pronunciarem-se em Assembleia Geral. De notar que são os accionistas que arriscaram o seu capital. Nessa AG a esmagadora maioria dos accionistas diz que sim ao negocio e vem o Estado e chumba-o.
Foi isto que aconteceu. Pelos vistos é estratégico para o Estado que a PT faça a gestão de uma participada no Brasil em conjunto com um "sócio" que não o quer fazer. De notar que as empresas que foram gerias por sócios que não se entendiam, ou saiu um deles ou já não existem.
Pelos vistos o Estado considera que a única hipótese de internacionalização da PT (essa sim poderá ser estratégica) é a Vivo no Brasil. Não há outros mercados e outras empresas.
E a cereja em cima do bolo é que aceitar que os accionistas decidam o que fazer do futuro da empresa em que participam é ultra liberal, segundo Sócrates.
Sócrates está a marcar o Bloco de Esquerda. Acha que é pela esquerda que pode perder o PS. E vai ser pela esquerda que vai governar.
A decisão de "vetar" a venda da Vivo é apenas isto, politica barata. Sócrates mostrou ao País que é um governante que defende o interesse público (mesmo que ele não exista) intervindo numa empresa privada, á boa maneira Marxista. O Estado é que manda e o mercado é bom apenas quando convém.
Infelizmente estamos num país que continua a gostar de ser guiado pelo Estado, pelo subsídio e pela "cunha" dos amigos "influentes". Por isso Sócrates até terá ganho uns votos.
Não nos poderemos queixar...
Entrar num conflito de Esquerda /Direita, neste caso, é redutor. Qualquer Governo do mundo Ocidental intervém, ainda que informalmente, na protecção dos activos nacionais que considere importantes. Olhe-se, por exemplo, a golden share alemã na VW. E se a imprensa estrangeira estrebucha é porque o interesse nacional foi usado...e o uso da soberania chateia muita gente...já foi assim com as províncias ultramarinas (passando o exagero da comparação). De resto, isto não é uma questão política tout cour, transformou-se numa. Tenho para mim que a tutelar a defesa dos interesses nacionais existe uma razão de Estado que não se compadece com orientações ideológicas. Primeiro sou sempre Português. É evidente que nos palcos internacionais há sempre uma clara tensão entre o interesse dos Estados e as regras de Direito Internacional, assim como há nas relações entre Estados e instituições multinacionais e os princípios de direito internacional privado e do direito privado. Este é mais um caso. Infelizmente, em Portugal, com a nossa dimensão, não somos polémicos internacionalmente porque...não podemos ser. E não estamos habituados a isto. E a importância dada pela imprensa estrangeira só demonstra a relevância do caso, pela dimensão do negócio. É tudo, mesmo tudo, uma questão de realpolitk...
ResponderEliminarA participação num activo no estrangeiro por parte de uma empresa portuguesa é um tema de soberania nacional? A PT é um tema de soberania nacional?
ResponderEliminarAcho que estás a confundir os conceitos. O activo nacional adefender é o acesso dos portugueses e das empresas portuguesas a uma rede de comunicações em condições competitivas. Por isso o sector é regulado. O mesmo acontecerá com a energia. E ponto final. Mais do que isto é querer interferir na economia. E os que gostam de interferir na economia são socialistas. Logo a questão é claramente ideológica.
A PT não é um tema de soberania, ela própria, agora o uso de expedientes para defender sectores estratégicos, ou activos estratégicos nacionais, é. E, nesse caso, a PT cruza-se com o interesse nacional. É que, precisamente, para que haja acesso dos cidadãos portugueses a serviços essenciais nas melhores condições e preços, parece-me essencial a defesa de uma empresa nacional forte e o mais influente possível, no quadro internacional. E o Estado deve fazer o que está ao seu alcance para a proteger.
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