quarta-feira, julho 14, 2010

Postal de Tel Aviv


Em Tel Aviv, Shenkin é considerada uma das zonas mais interessantes para alugar um apartamento.Bairro de casas estilo Bauhaus ,com inúmeros bares e restaurantes abertos pela noite fora repletos de gente nova com ar dinâmico e interessado.

Aqui não se corre o risco de jantar ao lado de uma mesa de jovens recrutas do exército em farda militar e Galil no ombro ou de colonos com kippa e metralhadora Uzi . Tel Aviv nao é Jerusalem, e os jovens de Shenkin dão a impressão de não estarem interessados no que se passa nos territórios palestinianos sob ocupação, e muito menos nas lutas nacionalistas e religiosas dos colonos e haredim. Aqui pensa-se ` made in USA` . E procura-se viver como em Los Angeles ou Nova Iorque. Há como que uma necessidade inconsciente mas constante de afirmarem não pertencer ao mundo medio-oriental que os rodeia e para onde os antepassados decidiram vir viver.

Esta manhã acordámos com o barulho de um buraco aberto na parede do nosso apartamento em Shenkin. A parede não resistiu à broca do trabalho de restauro no apartamento do lado. Neste bairro upgraded do centro de Tel Aviv, os blocos de apartamentos foram construídos nos anos 30, na sequência da expansão da população judia para além dos limites do porto de Jaffa, onde vivia uma comunidade mista de árabes e judeus. Importante era construir segundo os parâmetros europeus. Criar aqui em pleno Médio Oriente uma cidade europeia, que após a declaração do Estado de Israel em 1948 se foi desenvolvendo segundo os moldes americanos à medida que ia absorvendo novos imigrantes judeus. A urgência da ocupação do espaco nos anos de expansão territorial nao permitia considerações de qualidade na construção dos prédios. A urgência era evitar `go native`.

A atmosfera dinâmica e animada que se respira nas ruas e belas avenidas de Shenkin não consegue abafar o sentimento que se tem de residirmos numa espécie de acampamento. De luxo, é certo. Provisório talvez, para muitos destes jovens que enchem bares e restaurantes pela noite fora, surdos ao que se passa em Jerusalém e nas colónias judias em terra palestiniana, conscientes de que um dia poderão vir a decidir, como alguns dos seus amigos o fizeram já, emigrar para a Europa ou USA. Se for caso disso.

Maria

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