terça-feira, junho 08, 2010

Vá para fora cá dentro?

Esta manhã, ao aceder à caixinha do correio electrónico, lá entrou mais um que chamou a minha atenção. Abri-lhe pois o anexo, em power point, que se intitulava “Conserve o seu Emprego”.
Começava por apresentar uma grande bandeira nacional com a legenda, em letras também bem grandes: “Quer perder o seu emprego?”
De seguida, sem qualquer demonstração ou referência a fonte, concluía que por cada 100 euros de compras de produtos “Made in Portugal” se estava a preservar um posto de trabalho e que, cada 100 euros de compras de produtos estrangeiros, concorrentes dos “Made in Portugal”, resultavam no despedimento de um trabalhador, ou na não criação de um novo posto de trabalho.
A autoria era, convenientemente, anónima.
Posso bem perceber este emotivo, mas talvez não desinteressado, apelo.
Como posso bem entender o das férias cá dentro do nosso PR.
Mas, peço desculpa de o dizer, na minha opinião a vida não funciona assim.
São os preços e a qualidade que determinam as minhas opções como consumidor.
Pagar mais caro e/ou ser pior servido só porque é produto/serviço nacional, sabe-me um pouco a masoquismo.
Ademais, este tipo de apelos não se me afiguram nada incentivadores da tão necessária eficiência e qualidade nacionais. Este parece-me mesmo ser o único caminho a seguir. É que o mercado é algo que existe mesmo. E não funciona por emoções.
Poderá não ser politicamente correcto dizer isto. Poderão todos até discordar. Mas, pelo menos a minha carteira sei que concorda comigo. O que já me é conforto bastante.

6 comentários:

  1. A carteira não está sózinha, eu também concordo com a tese da qualidade e eficiência.
    O problema é que enquanto não chegamos lá, e não vai ser amanhã, temos de ir vivendo.
    BLX

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  2. Mas porque deixar para amanhã o que já devia ter sido feito ontem?
    Assim não vamos vivendo. Apenas sobrevivendo!
    FRF

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  3. É como a mania das golden shares, ou os pedidos para se aumentarem os direitos de importação disto ou daquilo. Há dias conversava com uma representante da Euratex, associação europeia dos texteis, e essa pessoa explicava-me que o que querem é uma atitude ofensiva e não defensiva, ou seja, o que precisam é de abrir mercados que estão fechados e não fechar os nossos mercados. Eu também exijo produtos de qualidade e é por aí que devemos ir

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  4. Pois é, eu compreendo, mas como assegurar os direitos sociais dos que não atingem a performance mínima? Aumentando os impostos dos outros? Então para quê ser eficiente se o que se consegue com isso é que mais de metade do rendimento vai para impostos e não se obtém qualquer retorno do Estado? Cruel dilema.

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  5. O anónimo anterior sou eu mas esqueci-me de assinar.
    BLX

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  6. Não há dilema: é preciso ser eficiente sim sr, e deixar o mercado funcionar: quem não é eficiente tem de o passar a ser, ou mudar de área, sob pena de ver o negócio ir à falencia. Para que isto funcione é realmente necessário acabar com esta política do subsídio...não será aquela máxima de que a necessidade aguça o engenho? Viva a meritocracia (equilibrada)!

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