Sexta-feira, 4 de Junho, o dia nasce solarengo e ameno, lá em baixo o Rio Minho brilha e dá-nos os bons dias. Está prestes a começar a peregrinação de bicicleta pelos caminhos de Santiago de Compostela.
Com o penico na cabeça e a pensar que já tínhamos idade para ter juízo, lá arrancámos.
Os primeiros quilómetros feitos na nossa amada Pátria, vêm confirmar que os nossos compatriotas que mandam nisto escolhem sempre os meses de Verão para espatifar as estradas.
Vamos andando…
Entramos em España, e nos vamos directamente a Tuy, na Catedral requisitamos o nosso passaporte de peregrino para irmos carimbando em vários pontos do caminho, Igrejas, Albergues, Turismo etc… É assim que deve ser numa peregrinação normal, mas quem carimbou os nossos foram na sua maioria os empregados das taperias.
Nessa primeira paragem em Tuy, de somente uma hora e que ia pondo em risco a nossa etapa, bebemos as nossas primeiras canas e um presunto magnifico.
Obrigado Santiago.
Depois de 80 quilómetros terríveis até Pontevedra, cidade estupenda, o cansaço era tal que não há mais história para contar, caímos na cama e agradecemos a Santiago, à Virgem, a Santo António e a Pinto da Costa estarmos vivos.
No dia seguinte esperavam-nos 40 quilómetros mais suaves e tranquilos. E assim foi até chegarmos a Caldas de Rei.
Quando íamos a passar na ponte depois do balneário, alguém olha para baixo junto ao rio e vê uma esplanada com um aspecto estupendo.
Nem foi preciso dizer nada ás nossas máquinas que elas já sabem os donos que têm, passados dez minutos já estávamos com umas garrafitas de Alvariño bem fresco na mesa.
Depois… bem…é melhor nem contar nada.
Recomeçamos passadas 3 horas.
Obrigado Santiago.
Chegados a Padrón, comemos uns pimentos da terra muitíssimo bons, mas o melhor foi o presunto, que não tenho pejo nenhum em afirmar que foi o melhor que comi em toda a minha vida. Claro que uns copitos de branco ajudaram à festa.
Depois de um jantar bastante bom (muito bem se come na Galiza), estávamos preparados para descansar para a derradeira etapa.
Tivemos que acordar cedo par ver se conseguíamos chegar à missa do peregrino ao meio-dia na Catedral de Santiago.
Com um começo algo atabalhoado, cedo voltámos ao ritmo alucinante que deixou toda a Galiza pasmada com estes tugas de cabelo branco.
Absolutamente cinematográfico é tudo o que posso dizer sobre esta parte do percurso. Igrejas, Capelinhas, Cruzeiros, natureza esplendorosa e uma calma que vem ajudar à serenidade que vai tomando conta de nós.
Obrigado Santiago.
A última parte é feita em esforço, muitas subidas e o cansaço a começar a tomar conta de nós. Mas o prémio vale a pena.
Por fim Santiago de Compostela.
Da emoção da chegada não há palavras para descrever. Cada um vive este momento para si, é um momento único.
Rezei a última Ave-Maria e Pai-Nosso e agradeci estes maravilhosos 45 anos que completei na chegada à Catedral.
Esquecemos muitas vezes que as coisas simples da vida são as melhores:
Umas bicicletas e uns amigos maravilhosos.
Obrigado Santiago.
Parabens!Viva Santiago!
ResponderEliminarJGG
Ai, ai, como bem compreendo todas as tentações galegas que ladeiam os caminhos (e as pontes) de Santiago...
ResponderEliminarFRF
Bela pedalada, bela caminhada, belo texto
ResponderEliminarcheguei ontem de santiago e digo o camino é especial. eu vou a pé e desta feita foi de sarria a santiago. a chegada é especial, sempre diferente de ano para ano mas sempre muito especial. beijinhos continua o teu Ben Camiño! Marta Botelho Gomes
ResponderEliminarBela peregrinação Zé, mas pelos vistos também muito bem "regada e comida"!!!
ResponderEliminarUm abraço