terça-feira, maio 25, 2010

Política


Há brutos e broncos.
Em italiano, bruto quer dizer feio.
O vilão da série ‘Popeye’ chamava-se Bluto, um alarve.

Nada sei sobre etimologia, mas não me surpreenderia que esses sentidos que hoje damos à palavra bebessem na imagem que fizémos ou nos fizeram de Marcus Brutus, o amigo de César. Um traidor, um conspirador, um falso, um dissimulado e, pior que tudo, o assassino de um general sempre vitorioso, sempre corajoso, sempre elegante e culto. Brutus teria necessariamente de ser um bruto, ou vice-versa. Ponto final ?

Mais devagar, se faz favor.
Brutus era um homem cultíssimo (talvez um estoico, mas seguramente um platonista), um político benevolente, um militar corajoso, um homem de reflexão.
Marco Aurélio, o imperador filósofo, escreveu sobre Brutus: “o culto constante da filosofia, da bondade, da generosidade, da esperança e da fé na amizade, a franqueza face aos de quem discordava e a total transparência face aos seus amigos ».

Shakespeare, na sua peça de teatro « Júlio César”, faz dizer a Brutus uma das mais belas tiradas que conheço:

If there be any in this assembly, any dear friend of
Caesar's, to him I say, that Brutus' love to Caesar
was no less than his. If then that friend demand
why Brutus rose against Caesar, this is my answer:
--Not that I loved Caesar less, but that I loved
Rome more. Had you rather Caesar were living and
die all slaves, than that Caesar were dead, to live
all free men? As Caesar loved me, I weep for him;
as he was fortunate, I rejoice at it; as he was
valiant, I honour him: but, as he was ambitious, I
slew him. There is tears for his love; joy for his
fortune; honour for his valour; and death for his
ambition.<>

Desta estirpe já não há.
Ou estarei enganado ?

2 comentários:

  1. Qual estirpe, a do Shakespeare?
    FRF

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  2. Quem estragou tudo foi Marco António.
    BLX

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