quarta-feira, maio 05, 2010

Lei da rolha

Portugal anda numa fase de notícias preocupantes. Já não nos bastava o deficit das contas públicas, as descidas sustentadas na notação das empresas de rating, as comparações às Grécias e os augúrios de bancarrota...eis que agora somos brindados com algo talvez ainda mais inquietante: Portugal desceu 14 posições no ranking sobre liberdade de imprensa. Concretamente da 16ª posição para a 30ª ao lado da Costa Rica e do Mali. Seguramente, referências em liberdade de expressão.
Quando se fala em Portugal de negócios como a tentativa de compra da TVI, do controlo dos media pelos grandes grupos económicos que estão umbilicalmente ligados ao poder...não são meras atoardas mandadas ao ar. São as constatação de que a nossa comunicação social tem perdido qualidade e mais do que isso tem perdido a consistência e a fibra com que se constrói uma sociedade mais sã, a Liberdade. Nas muitas cumplicidades, nos múltiplos conchavos económico-político-mediáticos jaz um larvar sentido de oportunismo que contamina a forma como a sociedade comunica e se percebe.
Aliás, o laxismo, a indiferença com que o país assiste, impávido, ao estertor da já parca soberania económico-financeira, é o exemplo acabado de que há mecanismos espectrais que inquinam a percepção da realidade. Há como que um filtro anestesiante que funciona como um eufemismo da dura realidade que é apresentada ao público.
Não só por isto, mas também, é que se consegue compreender o estado letárgico de um povo, que não se insurge, que se conforma e que perdeu o sentido da indignação. Mesmo perante as mais concretas evidências.

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