quarta-feira, maio 05, 2010

Deixemo-nos de tretas!

Um pouco por todo o mundo as despesas dos estados têm vindo a crescer assustadoramente.
Todos reclamamos cada vez mais dos estados.
Reclamamos saúde, reclamamos educação, reclamamos cultura, reclamamos transportes, reclamamos pensões, reclamamos subsídios de todo o género e feitio, reclamamos intervenção, regulação e fiscalização em tudo quanto é sítio.
Os estados ricos vão dando como podem. Os estados pobres, para não ficar atrás, vão fazendo por isso sem fazerem contas.

Depois, todos reclamamos cada vez melhor do estado.
Melhor saúde, melhor educação, melhor cultura, melhores transportes, melhores pensões, melhores subsídios, melhor regulação, melhor fiscalização.
Os estados ricos vão fazendo por isso. Os estados pobres logo querem fazer melhor.

A seguir ainda reclamamos que tudo isto seja (tendencialmente) gratuito.

Claro que, depois, há que pagar a factura, que o fisco logo remete para o nosso próprio bolso. Como este não estica e há limites para o socialmente aceitável, lá se vai pedindo o resto emprestado. Sendo a maioria dos governos transitórios e com natural dificuldade em dizer não às suas bases de apoio, a coisa vai-se agravando.

Assim, um pouco por todo o mundo, os estados estão necessitados de dinheiro como de pão para a boca, para tudo isto alimentar. E os governos estão ansiosos de pretextos para mais um impostosinho. Socialmente aceitável, claro está.

Por cá, país pobre mas iludido de novo-riquismo com os recentes subsídios europeus, a coisa não é excepção. Bem pelo contrário.
É disto exemplo o recente Imposto Único de Circulação, agora baseado nas emissões e não mais na cilindrada do carrinho. O pretexto, socialmente aceitável, foi naturalmente o ambiente. Os cientistas não conseguiram demonstrar uma relação directa entre emissões e aquecimento global, mas logo os políticos (à semelhança de muitos outros países, pois que não ser o primeiro ajuda a reforçar o pretexto), aproveitando-se do ruidinho ambiental e da sensibilidade social ao mesmo, lançaram um novo imposto. Só os mais atentos terão notado que, enquanto a receita dos principais impostos (IVA, IRS, IRC) tem vindo a baixar bastante, a introdução do IUC fez subir em flecha a receita do anterior imposto de circulação (vulgo selo do carro).

É assim também com mais este PEC (Plano de Extorsão do Contribuinte). Aqui o pretexto são as regrinhas da Europa do €uro. Mas isto já é tema aqui muito debatido.

Deixemo-nos pois de tretas. Não é vergonha ser pobre. Vergonha é pedir, pedir, pedir e depois não poder pagar. Agora há que pagar a factura, mas a será (mais uma vez) uma frustação se não formos capazes de aprender a viver dentro das nossas possibilidades.

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