segunda-feira, abril 05, 2010
A estepe russa
Eduardo Lourenço é um pensador e gente assim deve ser acarinhada, pois é uma espécie em risco de extinção. Hoje explica certos pontos de vista seus no ‘Público’.
Insiste numa sua ideia antiga : a de que a Europa devia integrar a Rússia.
Discordo desta mania e desta quase-obsessão histórica de querer ‘converter’ aquele espaço e aquele caos, mas « à chacun sa marrotte ».
O meu tique é o oposto e a minha previsão é muito diferente : a Rússia entrou numa nova fase expansionista, de recuperação de influência e de novas fronteiras, seja a sul, no Cáucaso (Geórgia) e Ásia Central, seja a oeste (Bielorússia e Ucrânia). A próxima etapa será o cerco económico e político aos países bálticos, que quererá fora da Nato, o que conseguirá graças à letargia franco-alemã e à sua mão sobre a torneira do gaz. Será isso que provocará o fim da Nato e a enorme decepção das democracias da Europa de leste na União Europeia, com a convicção de que só devem contar com o apoio dos americanos.
Óbviamente que esse novo agitar russo ruirá como um baralho de cartas, insustentável num modelo económico que assenta apenas na exportação de matérias-primas e que priveligia a investigação militar em prejuízo de uma modernização do tecido industrial. Essa nova decadência ‘soviética’ de uma população demograficamente decadente e doente beneficiará a Polónia, que tirará todo o partido do novo caos a leste.
Há 100 anos ninguém acreditaria que 10 anos depois teriam desaparecido 4 impérios europeus : o otomano, o russo, o austro-húngaro e o germânico. Hoje custa a acreditar que a Europa dos próximos 20 anos será muito diferente da actual. Mas o mundo e a vida não tem contemplações para com os que persistem em ideias românticas e o olham pelo retrovisor. Sejamos realistas e admitamos o impensável.
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Tal como o séc. XIX foi da Inglaterra e o séc. XX foi dos EUA, parecem não restar dúvidas que o séc. XXI será da China.
ResponderEliminarA Rússia manterá os seus genes imperialistas, mas desta corrida estará definitivamente arredada.
Porém, continuará a ter lugar cativo na Europa...
Farripas
A China é outro tigre de papel, caro Farripas, e embora já não cá estejamos para o testemunhar, o mais certo é que tudo aquilo se desmorone ainda antes de 2040 e que seja outra vez o Japão que dita cartas por aquelas bandas.
ResponderEliminarOk, fica o jantar agendado para 2040, para o caso de ainda por cá estarmos.
ResponderEliminarMas o melhor é anotar também o tema, para o caso de já não nos lembrarmos...
farripas