Não deixa de ser curioso o alvoroço que certos iluminados têm feito acerca da influência das agências de rating na tomada de decisões por parte do Governo e da Assembleia, designadamente no que toca à aprovação do PEC, chegando a dizer-se que está em causa o interesse nacional e mesmo a própria independência.
Ao anunciar a possibilidade de baixarem a classificação de Portugal, as agências de rating estariam a fazer uma pressão ilegítima e intolerável sobre um estado soberano.
A tese defendida por alguns comentadores de esquerda é a de que quem manda em Portugal é o seu governo democraticamente eleito e não o tenebroso capitalismo internacional em quem não votámos. O Doutor Salazar também dizia coisas parecidas.
Não digo que o princípio não esteja certo, naturalmente, o que me preocupa é a atribuição de responsabilidades estar errada.
A verdade é que o capitalismo internacional, pelo menos neste caso, não tem culpa absolutamente nenhuma no que à fragilidade do Governo da República diz respeito, a qual tem uma explicação muito simples: a culpa é nossa. Sim, porque o que está em causa é o facto de não termos dinheiro suficiente para pagar as nossas despesas e, por isso, termos de o pedir emprestado. A quem? Ao capitalismo internacional. Então, será estranho que quem nos empresta dinheiro se preocupe com a nossa solvabilidade? Não sabemos todos nós que quem precisa de dinheiro emprestado para viver perde independência?
Os maus da fita não são as agências de rating ou o malvado "capitalismo internacional", sem o qual o Estado não conseguria pagar os salários aos funcionários, a responsabilidade decorre única e exclusivamente da nossa incompetência.
É isso mesmo. É muito bom ler um discurso económico liberal (conservador) em meio a um mar de pseudo-economistas (Keynes era um economista ou um ideólogo? Acho que o segundo) que pregam a presença do Estado em tudo, menos na hora de assumir os seus erros.
ResponderEliminarCuidado com esta malta do BE.Eles são em tudo iguais aos neo-marxistas do PT do Brasil. Quando acharem o seu Lula aqui (Louçãs não tem o physique du role), Portugal estará perdido.
Outra coisa a dizer é que quem manda em Portugal não é só o gorveno democraticamente eleito. E não estou falando da banca internacional que, como o seu texto salienta, vem apenas tentar salvar seu investimento, mas refiro-me à UE. Esta sim é a entidade responsável por socializar o que resta da Europa.
Como bem previa Ortega Y Gasset nos anos 20/30.
Não escaparemos de sermos regidos pelos homem-massa.
Um abraço
Não é verdade; aliás, muito bom seria que fosse verdade. As agências de rating estão a fazer um trabalho sujo, que só não é passível de levar a tribunal porque ninguém sabe para quem é feito. O rating internacional só serve a quem especula nas bolsas de derivados e de futuros e opções; não serve os países, não serve os centros de decisão, nem serve as pessoas, só os especuladores. Seria bom, muito bom mesmo, que não servissem para nada. Ernesto
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