terça-feira, março 23, 2010

O nosso Oriente


Em Portugal abundam fundações para isto e para aquilo.
As que se encostam ao Estado ou dele provêem são um poiso privilegiado para reformados do regime ou servem de garagem para os que precisam de se repousar de algum cargo ministerial. Muitos se pelam por uma poltrona dessas, que muitas das vezes fazem parte da boa mobília de palacetes bem confortáveis.

Há bons exemplos de fundações que têm uma actividade importante e meritória, como é o caso da Fundação Serralves. E há os exemplos daquelas fundações que já nem se percebe o que é que andam a fazer para além de recolherem isenções e subsídios de entidades públicas e de servirem de escritório ou de plataforma para interesses pessoais. Em tempos e a este propósito falei no caso da Fundação Eng° António de Almeida, no Porto.

A Fundação Oriente, uma coisa criada e apadrinhada pelo PS do Mário Soares na época em que este tinha a sua gente a gerir Macau, tem um site que, para não fugir à regra, ainda não disponibiliza as contas de 2009, pelo que só se podem conhecer as de 2008. E o panorama é preocupante: o saldo negativo de cerca de 3 milhões e meio de euros em 2007, salta para um negativo em 2008 de mais de 19 milhões: as despesas quase triplicaram e as receitas diminuíram, mas isso não obstou a que estas contas sejam impressas num relatório de luxo que mais parece um catálogo da Sotheby's e que deve ter custado os olhos da cara.

Entretanto, os órgãos estatutários recebem perto de 1 milhão, quase tanto como os salários de todos os 75 empregados, mas a isto ainda é preciso somar não sei que mais seguros, remunerações adicionais, fundos de pensões, encargos adicionais e outras 'despesas com o pessoal', numa multiplicação de rubricas que só serve para nos deixar espantados com tanta "clareza e transparência". Ah, e é preciso acrescentar ainda os planos complementares de reforma para os… senhores administradores.

Reconhecem os nomes? Um deles, pelo menos, bem precisava desse complemento de reforma: trata-se do curador Stanley Ho, aquele senhor que uma certa esquerda e uma certa imprensa tuga sempre trouxe nas palminhas das mãos, mas a quem os australianos recusaram licenças de gestão de casinos e que os americanos do Estado de New Jersey consideram ter ligações umbilicais às tríades (máfias) 14K e Sun Yee On chinesas e aos norte-coreanos, proibindo a sua filha de comprar hotéis em Atlantic City. Confirme ali.
Nós temos o 'benemérito' do pai, mas não nos podemos queixar pois há outras filhas de outros pais que um destes dias também pousam num qualquer órgão estatutário de uma qualquer fundação. Prà fichete, claro.

2 comentários:

  1. Bem precisamos de alguém que nos oriente...
    ;)
    um abraço
    JAC

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  2. Vilão por lá, benemérito por cá. Coisas que os oceanos lavam...
    farripas

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