domingo, fevereiro 28, 2010

A ruptura

Apareceram umas vozes a dizer que, face à calamidade financeira em que nos atolaram, o país precisaria de um Governo de coligação, leia-se um Governo PS/PSD que garanta a estabilidade política necessária para levar à prática um PEC dolorosíssimo.

Essas vozes não têm a coragem de esclarecer se um tal casamento inclui a figura do “engenheiro”, mas parece óbvio que a união com um cadáver político seria ineficaz, senão impossível. Admitamos, portanto, que essas vozes concedem implicitamente que uma tal coligação implicaria uma nova liderança no PS, de par com a mudança de liderança no PSD.

E então?
Pois considero que, mesmo recambiando para Castelo Branco o zombie que se arrasta em S. Bento, deixou de ser possível qualquer aliança séria com um PS que se descredibilizou completamente ao longo da governação socratina. Insistir nesse caminho, mais a mais com base num PSD que acumulou tantos genes idênticos de manipulação da máquina do Estado e do mundo dos negócios (veja-se caso BPN), seria dar o sinal errado ao país e agravar ainda mais a desconfiança geral.

Espero que a “ruptura” de que fala Paulo Rangel resista a essas musas situacionistas que apenas exigem a repartição do bolo, para que tudo fique na mesma, em nome de uma união ou salvação nacional feita de consensos pôdres, de práticas antigas e de receitas caducadas.

Ora é aqui que entra um outro actor político que tem de acordar do seu imediatismo, tantas vezes oportunista: o CDS.
Mas isso é conversa para mais tarde.

1 comentário:

  1. O CDS tem sabido posicionar-se e, se há coisa que não lhe falta, é visão. Se é "oportunismo" e "imediatismo" a apresentação e aprovação de propostas para moralizar o Estado e as suas relações com os cidadãos / contribuintes, então - cá para mim - que venham mais oportunismos e imediatismos destes!

    MFV

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