sexta-feira, fevereiro 05, 2010

O descalabro


Se derem uma caixa de fósforos a uma criança que brinca num palheiro é muito provável que a coisa termine mal. Se convencerem um bêbado a atravessar a pé a auto-estrada em hora de ponta é muito possível que não chegue inteiro ao outro lado.

Em Portugal, gostamos de pensar que "ao menino e ao borracho, põe-lhes Deus a mão por baixo". Na verdade, não põe. Em Portugal, gostamos de pensar como aquele que, ao cair do 30° andar do prédio, pensa, quando já vai no 10°, que "até agora tudo corre bem".

O que se está a passar nos mercados financeiros relativamente à credibilidade do Estado e da dívida portuguesas não é uma qualquer maldade de uns duros de coração ou de uns sádicos sanguinários que se comprazem em ver-nos de rastos. As agências de rating a quem o Ministro Teixeira aponta o dedo, estão a marimbar-se para os estados de alma dos charlatães lusitanos.

Já puseram uma cruz sobre o nosso país. Essa morte lenta será uma agonia, a menos que haja um sobressalto. As "crianças" que nos governam continuam a riscar fósforos e uma ou outra já querem fugir do palheiro para verem no pátio as labaredas tão lindas.

Mas nem tudo está irremediavelmente perdido. Contudo, se quisermos de verdade sair do coma teremos de aplicar uma terapia vigorosa e que passa por surrar os putos traquinas, castigar os cucos da política e desinfectar os parasitas que se instalaram na chaga. Dói, ooh, se dói. E é bom que doa pois é a única maneira de chamar o medo de volta, pois é preciso ter medo de novo, muito medo, que é, nos dias que aí vêm, um bom conselheiro.

Nunca mais esquecer a lição: não se dão fósforos a miúdos. Fomos nós os culpados.

1 comentário:

  1. Nós nada! Eu não dei fósforo a puto nenhum! Culpem mas é os 36%!

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