Confirma-se: os portugueses votaram às cegas no Outono do ano passado. Enquanto o défice subia à razão de 1,8 milhões de euros por hora (!) o Governo garantia que tudo estava a correr normalmente e que as coisas não iam ser assim tão más. Afinal, são bem piores do que foi antecipado pelos mais pessimistas.
A dívida pública aumentou 10,2 pontos percentuais, para 76,6% do Produto Interno Bruto (PIB) e chegará a uns impensáveis 85,4% este ano de 2010. O défice público atingiu uns históricos 9,3% no ano passado e talvez desça (talvez) para 8,3 por cento este ano. O Fundo Monetário Internacional estima que o desemprego suba para 9,6% em 2009 e 11% em 2010.
Nada disto é propriamente novidade. O que espanta é que só agora, por força da divulgação do Orçamento de Estado para 2010, tenha ficado clarinho que a situação é muito difícil, e que isso mesmo tenha sido assumido finalmente pelo executivo de José Sócrates sob a pressão dos mercados internacionais e das agências de “rating”.
Voltando ao princípio: os portugueses votaram às cegas, sem conhecerem os dados necessários para formar o melhor juízo. Mas se tivessem tido estas informações confirmadas o desfecho das eleições teria sido diferente?
Repare-se: o desemprego subia, o PSD falava em asfixia democrática; o endividamento disparava, o PSD falava em asfixia democrática; o défice aumentava para números absurdos (serão reais, ou o Governo está a usar aritmética criativa de novo?) e o PSD ia ao Funchal dizer que Alberto João é o rei da liberdade de expressão.
Uma oposição distraída e um executivo com jeito para a ficção deu nisto: um país endividado, assustado, que mal se aguenta nas pernas. Oxalá alguém tenha aprendido alguma coisa com esta situação.
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