quarta-feira, dezembro 02, 2009

Desemprego II


O João mais abaixo aponta algumas das razões que nos deveriam preocupar para combatermos mais do que o desemprego a estagnação da nossa economia.

Muitas são as causas do nosso atraso mas uma apetece-me destacar usando do analogismo com o futebol: concorrência. E a concorrência aplica-se ao trabalhador e à empresa.

Numa equipa de futebol se um jogador souber que existe outro a lutar pelo seu lugar no onze dá o litro. Caso contrário começa a arrastar-se no campo. Nas empresas é igual.

E uma equipa num campeonato aberto e no qual o árbitro não desiquilibra acaba por se exceder e aplicar-se ao máximo. Nas empresas é igual.

Mas o que temos nós em Portugal:
a) a dificuldade em despedir coloca os trabalhadores num patamar de comodidade grande e pode mesmo fazer de "maça podre" e contaminar as boas. Imagine-se ainda um cenário mais catastrófico:

A empresa X entra num processo de perda de clientes e a crise do mercado leva a que não necessite de todos os empregados que detém. Bastava despedir um para controlar os custos e manter o nível de serviço aos clientes. Só que despedi-lo é quase impossível. O resultado pode ser que a empresa entre em processo de prejuizo constante e não conseguir dar a volta.

b) temos um estado interventor, participante e ao mesmo tempo árbitro. Ao menos isso no futebol não acontece.

Hoje um juiz supremo do tribunal "qualquer coisa" da CEE veio dizer que "golden share" do estado tuga não é legal. Agora falta saber se o tribunal toma essa decisão ou se fica apenas pela opinião pessoal do seu presidente. Mas mesmo que fique sem umas golden o estado português tem tentáculos muito grandes.

O caminho a percorrer está dificil. Haja quem tenha paciência para o desbravar.

6 comentários:

  1. carlos...nao podendo eu obviamente comentar o processo pelo menos posso dizer que ainda nao houve nenhum juiz a decidir o que for nesse processo. O que ja há sao as conclusoes do Advogado Geral.
    Agora ha que aguardar a decisão do Tribunal que seja ela qual for naturalmente tera de ser cumprida...afinal de contas ainda estamos num estado de direito

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  2. Obrigado Francisco, não era juiz mas sim advogado geral, e dizia a peça que normalmente o que ele opina é o que o tribunal decide. A ver vamos. Um abraço
    carlos

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  3. Peço imensa desculpa pela brusquidão mas, se eu tivesse apresentado esta tese em qualquer universidade de gestão do mundo ainda estava a tirar a cadeira!
    E não! não se pode comparar futebol com as restantes situações!
    E não! não é a concorrência entre os lugares à disposição que constitui motivação para aumentos de produtividade!

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  4. De acordo, sr. pirolas, e permitam-me ainda:
    Em Portugal é hoje fácil despedir, talvez até demasiado fácil para a violência que um despedimento representa. Poderá talvez não ser tão barato, mas fácil é certamente, como também o dizem os actuais 10,2%.
    Vários sectores, de dentro e de fora do país, têm vindo a reclamar flexibilidade para a nossa lei laboral, que se aponta como um dos entraves ao investimento. E bem precisa será. Porém, na prática, tem-se confundido flexibilidade com facilidade de despedimento. É pena, mas também diz algo (ou muito) dos "empresários" que temos.
    farripas

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  5. Caro Pirolas

    Não me choca a brusquidão, mas fico contente em saber que não cursou gestão em nenhuma universidade do mundo caso contrário ainda lá estaria. Objectivamente eu não disse que a concorrência era o único factor para aumentar a produtividade. Porque claramente não é.Até pode ser ter música clássica a tocar no wc. Apenas quis apontar a falta de concorrência como um dos principais problemas da economia portuguesa. Como o pode comprovar com o exemplo da alínea b). E olhe que o futebol é um bom exemplo. Já ouviu falar em campeonatos mais competitivos do que os outros? e claro que chegados ao confronto normalmente ganham os que tem um maior ritmo competitivo.

    E caro Farripas, o problema do despedimento é um processo brutal para o trabalhador despedido. Não o nego. Mas acredite que o problema de portugal é ter 10,2% de desempregados, pois é baixo. A problemática não está no número da taxa mas na duração temporal do desemprego. explicando melhor, eu não me preocupava se a taxa de desemprego fosse 20% mas se o tempo médio fosse de 6 meses. Sabe o que significava? que o mercado se regenerava com rapidez, e que a boa moeda ia substituindo a má. significava que a concorrência era grande e que o pais progredia.

    Mas isto não se ensina nas universidades. Aprende-se com os problemas e com a necessidade.

    Um abraço aos dois
    carlos furtado

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  6. Mas, meu caro, o fenómeno que faz subir a taxa de desemprego não será exactamente o mesmo que faz aumentar a sua duração? Não andarão estas sempre em paralelo?
    Porém, aqui já não falamos de gestão ou de produtividade, mas sim de economia.
    E quanto a esta já nada mais haverá a dizer, pois que é por demais conhecido o mal de que padece o doente e qual o remédio para o tratar. O problema é que aviar a receita é caro. Custa muitos votos. Por isso se vai continuando a tratar o moribundo com os habituais paleativos - mais impostos e menos pensões.
    Até que o resultado se transforme em causa, de outro problema bem mais sério...
    Cumprimentos,
    farripas

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