sexta-feira, novembro 13, 2009

Rede a sério, é isto...

Nesta notícia do sol, que o público também noticia, se indiciam redes sérias que não só vivem à custa do Orçamento do Estado, como se deleitam em nos ludibriar da forma mais descarada.

Na actual situação das finanças públicas nacionais, "oferecer" 200 milhões ou mais, "à cabeça", vale muito dinheiro e deve fazer toda a diferença numa proposta deste tipo; se for efectivamente pago. Se não for pago, as propostas deveriam ser reavaliadas face às ofertas dos demais concorrentes. Mesmo nas condições actuais, os juros desses valores fariam a felicidade de muito portugueses. Não são valores com que se possa ou deva brincar.

Pior ainda, se serviram de estratagema para afastar concorrentes. Como estratagema será atacar concorrentes na imprensa, por falta de argumentos no concurso. É o caso da proposta da FCC sobre o tgv e a TTT (terceira travessia do Tejo), que por aí anda a ser objecto de uma campanha mediática - certamente para criar condições para o chumbo dessa proposta.

Para estas redes, pouco importa se têm razão ou não. Se não tiverem, o Estado pagará a indemnização correspondente, em tribunal, anos mais tarde. As redes, entretanto, facturam o concurso, apresentam propostas mais caras e constróiem, da forma a que nos habituaram e com acréscimos de custos significativos, as obras com que nos iludimos.

Entretanto, entretêm-nos com "faces ocultas", escutas nulas ou inadmissíveis, conteúdos inutilizáveis das ditas escutas e outras quejandas políticas de combate à crise... em particular nas grandes obras públicas.

Nós, divertidos ou irritados, vamo-nos preparando para pagar a factura. Que será elevada.

Desenho de Bordalo Pinheiro, "descarregado" da Wikipedia

Pior, vamos fingindo que os nossos filhos não terão vidas piores porque também terão de pagar. E vamo-nos surpreendendo por haver cada vez mais filhos nossos que preferem ir trabalhar para fora do País.

E, no entanto, ninguém se revolta. A sério, que é como quem diz, para exigir mudanças.

Para que conste: falo, perdão, escrevo contra mim, que ainda não encontrei uma forma útil de me revoltar.

2 comentários:

  1. Mas havemos de encontrar a maneira da revolta

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  2. nao ha nada como voltar uns tempos a Portugal para desaparecer o discurso cor-de-rosa da boa vontade e que é presciso acreditar na mudança...
    meu caro ja os romanos diziam
    "nao se governam nem se deixam governar"

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