segunda-feira, outubro 26, 2009

À espera do raio verde


Nós pertencemos à minoria europeia que tem o privilégio de poder apreciar um pôr-do-sol na praia, pela óbvia razão de que é preciso que a praia esteja orientada a oeste para que o sol desapareça no mar.

Quando o sol toca a linha do horizonte e beija as águas do oceano, ficamos ali a olhá-lo e os mais prevenidos esperam que será dessa vez que verão o raio verde. Eu tive a sorte de o ver uma única vez na Foz. Não se esquece e dizem que dá felicidade.

Olhamos aquele sol a 'afundar-se' e acreditamos que ele está ali, na linha directa do nosso olhar a fixar aquela linha do mar, aquela linha do horizonte. Na verdade o sol não está ali. Nesse momento, o sol já está abaixo da linha do horizonte mas nós vemo-lo porque os seus raios entram num tal ângulo secante (quase tangencial) na atmosfera que sofrem um desvio, uma curva. Nós vemos o sol, não é uma ilusão, mas ele já não está onde os nossos sentidos o colocam.

Creio ser o que se passa com a actual dirigente do PSD. Ouvimo-la, vêmo-la, mas a senhora já não está na cadeira em que a vemos, a senhora já passou abaixo da linha do horizonte político. Alguns sabem isso e por isso se agitam, se concertam e se telefonam, enquanto prescrutam o engano dos sentidos a ver se vem um raio verde ou se, suprema benesse, são eles o raio verde.

Mas atenção: não há raios verdes vindos de leste e é preciso uma certa maturidade para ter o bom verde. Tampouco podem ser brancos, essa ausência de cor e de contornos. O mais provável é que não haja raio verde nenhum, o que seria muito triste. Mas vale a pena esperar e confiar: quem sabe? Eu uma vez vi um.

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