quarta-feira, setembro 23, 2009

Roubas? Corto-te a mão

O MMS, Movimento Mérito e Solidariedade, propõe no seu programa a castração química para os crimes de violação e pedofilia.
A questão que se me põe é a seguinte: para o que aqui nos interessa, qual será a diferença entre a castração química e a não química? E só encontro uma resposta: é que propor a castração tout court, mesmo se por intervenção cirúrgica e com assistência de um anestesista, revelaria muito mais rapidamente a barbaridade da proposta e daí a preocupação de esclarecer que é por métodos químicos, umas pastilhas ou umas gotas num copo de água, coisa de acalmar o bruto, mas nada de doloroso ou ensanguentado.

A castração química pode parecer uma coisa moderna mas não deixa de ser uma castração.
Para mim, uma proposta destas equivale às leis da Sharia do fundamentalismo islâmico: roubas, corto-te a mão. Difamas, corto-te a língua, etc.

Para mim, isto seria um atraso civilizacional e não lhe reconheço mérito nenhum.

3 comentários:

  1. Mas pelo pouco que conheço das ideias do MMS, de mérito só têm o nome. Não me choca

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  2. Eis um post que revela duas qualidades raras na blogosfera: lucidez e inteligência

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  3. Esclarecimento: a "castração" química não é castração nenhuma, consiste na administração de substâncias destinadas a reduzir a libido. Uma das substâncias frequentemente utilizadas é a depo-provera, um contraceptivo injectável (há muitas mulheres a usá-lo), e os efeitos não são permanentes. Em alguns Estados dos EUA é administrada em violadores/abusadores de crianças reincidentes, sob vigilância médica, e tem tido resultados positivos na medida em que tem diminuido a reincidência deste tipo de criminalidade, embora nem sempre resulte. Não estou necessariamente de acordo com isto, mas não é verdade que a dita "castração" química seja sequer remotamente comparável a cortar os tomates (ou outra qualquer outra parte da anatomia) a alguém. Nem me perguntem como eu sei estas coisas...

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