quinta-feira, setembro 17, 2009

Noite de 27 - antecipação (cenário 1)

Quando ouvi as projecções da TVIspanhola darem a vitória ao Sócrates, tomei uma decisão radical: enforcar-me.
Isto é mais fácil de dizer do que fazer. Lá em casa o melhor que se arranjava era uma guita velha de uma remessa de manjericos que um primo mandou pelo táxi-post e que me custou uma multa por falta de um certificado europeu de não sei que inocuidade bacteriológica.
Mas é preciso também encontrar uma árvora sólida e a única coisa parecida era o bonzai na estante das tv-guias: a minha Zulmira deu logo um grito: "Nem pensar, que me estragas a planta".

Eu sei que há perto um parque com dois baloiços onde a junta plantou um pessegueiro rijo, mas, oh, não deixam fumar desde que o presidente regressou de uma promoção a Nova Yorque. Ora enforcar-se sem um cigarrinho antes não tem jeito nenhum e o Santos Silva ainda se ficava a rir.

"Atira-te da janela"- sugeriu-me o Fagundes, o meu vizinho de andar, um madraço que vive do RSI. Àquela hora, o sacana já não percebe, por causa das super-bock, que vivemos no rez-do-chão e que se eu sair pela janela arrisco-me a torcer o tornozelo, que aquilo é em rampa do outro lado.

Fui à casa de banho ver as gavetas onde ela guarda os medicamentos na esperança de afinfar pela goela abaixo o frasco do remédio para o colesterol à mistura com as pílulas anti-conceptivas. Só encontrei pensos, 4 aspirinas e 2 Lipitor. É no que dá isso de se poder comprar à unidade, e, quando lhe perguntei pelas pílulas, ela, numa gargalhada alarve diz-me: "Pr'a quê? Ui, onde isso vai…há anos!"

O que é demais é demais. Até para uma coisa destas é tudo complicações e burocracias. É mesmo desesperante. Como se depreende, desisti. Não se perde tudo: vou poder ver o próximo jogo do nosso glorioso na Champions.

7 comentários:

  1. também acho!
    para completar o leque da eleição do Barroso e o sim irlandês ao tratado de lisboa, só restará efectivamente ao amigo Douro passar-se para o outro mundo.
    sugiro-lhe, no entanto, que escolha a metodologia adequada para evitar que o peso admistrativo tanto da tomada de decisão como do resultado do enlace sejam minimizados. Estará assim também a contribuir para o processo de desburocratização que o seu amigo Barroso lançou ao nível europeu e que infelizmente ainda não faz parte dos temas de discussão dos nossos ilustres políticos seja dentro ou fora do período de eleições!
    Permito-me, no entanto, sugerir-lhe uma alternativa a tão baixo desígnio: porque não decide dedicar-se a qualquer causa que valha a pena? Porque não, por exemplo, participar na campanha da tia Manela? eliminar-lhe os trejeitos, os ããns antes de iniciar as frases, explicar-lhe que a verdade também se pode dizer com um sorriso nos lábios, etc, etc...
    Após tão bravo(s) feito(s) enforque-se apenas se ela ganhar as eleições!

    ResponderEliminar
  2. Haveria certamente um montão de razões para um enforcamento habilmente preparado não fosse o país estar necessitado de quem o governe e, tirando o "cujo" de quem se fala na história, não vejo na linha do horizonte mais ninguém a não ser Velhos do Restelo...
    JSR

    ResponderEliminar
  3. se ao menos houvesse um corta unhas à mão... :)

    ResponderEliminar
  4. Calma, pois que mudando o cenário para a RTP ou para a SIC, a coisa já melhora francamente.
    Ânimo, há que ter féses.
    E por favor não lhe tirem os "ãans" antes do discurso de vitória - aquele que se seguirá às trombas do inginheiro e seu staf a reconhecer a derrota e a assustar a malta com a questão da (in)governabilidade.
    Farripas

    ResponderEliminar
  5. caramba, que falta de sorte... nem o teu glorioso te salvou! Vale-nos o bonsai e o rés-do-chão!

    ResponderEliminar