quarta-feira, julho 29, 2009

Portugal no estrangeiro

Portugal tem embaixadores em 76 países.
Faz-se igualmente representar, a título permanente e residente, junto de várias organizações internacionais e de outras entidades, num total de 10 Missões.

Somam-se a isto 51 Consulados, 6 dos quais têm ainda antenas suplementares noutra cidade.
Confirme-se com esta lista do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

Custa-me a compreender o que nos leva a ter embaixada em países como a Etiópia, o Paquistão, a Nigéria ou a Coreia do Sul. Mas se existe alguma razão imperiosa que nos obriga a ali manter uma embaixada, nada obstaria, penso eu, a que essa representação fosse acumulada pelo embaixador geograficamente mais próximo, o que além de ser uma prática corrente no mundo diplomático, entretinha alguns dos nossos embaixadores que devem morrer de tédio a dar voltas aos dedos.

Enfim, numa palavra, desconfio da racionalidade política, financeira e comercial deste estado de coisas, mas não tenho seguramente toda a informação para poder formular juízos definitivos.

Reparo, contudo, que o avanço tecnológico tão referido pelos actuais governantes tem fraca expressão nessa rede diplomática e consular: apenas 16 embaixadas e o Consulado em S. Paulo têm página na Internet. E mesmo estas têm por vezes o seu caricato, dada a manifesta desactualização da informação disponível: já referi o exemplo da página económica do site de Madrid mas posso dizer o mesmo da página económica do site de Brasília.

Hei-de voltar a este tema.

6 comentários:

  1. E no Mónaco?
    Este é tão escandaloso que nem na página do MNE aparece...

    http://dre.pt/pdf1sdip/2009/07/13000/0434704347.pdf

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  2. Extraordinàrio!
    Obrigado pela oportuna informação, caro Jorge Greno.

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  3. Alto e pára o baile!

    A ref.ª adiantada pelo Jorge Greno é contraditória. O Embaixador ali referido é, como tem sido tradicional, o nosso Embaixador em França que, por isso mesmo, também é acreditado junto do Principado do Mónaco. Exactamente como defende o nosso douro, no seu texto.

    Porconseguinte, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.

    Quer dizer, apesar de ser questionável a dimensão da nossa rede diplomático-consular, nomeadamente pelas razões apontadas pelo douro, também não me parece curial que se meta tudo no mesmo saco.

    Por exemplo, dos quatro casos apontados pelo douro (Etiópia, Paquistão, Nigéria e Coreia do Sul), três são casos nítidos em que a nossa presença diplomática é antiga e decorrente de laços históricos inquestionáveis - sabiam V. Exas que o primeiro tratado entre os EUA e a Coreia (quando as duas eram uma), teve uma versão em língua portuguesa, por ser a primeira "língua internacional comum"? Pois é, o nosso passado universalista, como agora soi dizer-se, tem destas coisas...

    Também a presença portuguesa quer na Etiópia, quer na Nigéria (como aliás noutros países da região), decorre da nossa mais bela epopeia, a dos descobrimentos.

    Há, depois, outras razões para justificar ou questionar essas mesmas embaixadas. Não o quero fazer, deixo isso aos companheiros de blog. Por uma razão simples: sou diplomata (declaração de interesses já feita, para todos os efeitos legais e comentatórios). Disse.

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  4. Falou quem sabe, o Ventanias, e de facto o tal embaixador no Mónaco é o Seixas que tem assento em Paris. Mas ainda assim pode-se perguntar para que queremos nós embaixador junto do Mónaco? Isso dá despesa ou não?
    Outra coisa: porque é que no site do MNE não constam essas 'embaixadas' de proximidade?
    Ainda outra: Será que razões históricas, por muito louváveis que sejam, são razão suficiente para manter essas embaixadas?

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  5. Limitei-me a ler o Diário da República. Naturalmente que desconhecia a questão da proximidade, agora o que me parece estranho é que estando o embaixador em Parias há já algum tempo, só agora seja nomeado para o Mónaco.

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  6. Continuando na linha do Ventanias, o Douro acerta, mas ao lado. De facto, muito há que questionar na organização da nossa diplomacia: a utilização da internet para melhorar os serviços prestados aos cidadãos (páginas de embaixadas e consulados); os níveis dos abonos dos diplomatas nos diferentes postos; a administração do património do Estado por esse mundo fora; etc.
    Confesso que a rede de embaixadas, consulados e missões ainda me parece ser o aspecto menos criticável da nossa diplomacia, o que não quer dizer que não se possa questionar, claro. Agora, de uma coisa pode ter a certeza: se quer ter uma política externa tem que ter diplomatas no terreno.

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