terça-feira, junho 02, 2009

O voto preferencial

O eleitor diligente quererá conhecer as linhas políticas gerais de cada lista e procurará também inteirar-se sobre quem são e o que já fizeram aquelas pessoas de sorriso pepsodente que lhe pedem o voto.

O problema é que escutamos sobretudo os cabeças de lista mas é raríssimo ouvirmos o que quer que seja dos outros membros, com excepção talvez da lista do PS onde há por ali umas pluri-candidatas que volta-e-meia dizem umas coisas a aumentar a confusão dessa lista.

Já alguém ouviu uma palavra que fosse da n° 3 da lista Rangel?
Já alguém ouviu um som do n° 2 da lista da Ilda?
E por aí adiante e etc.

Ora, o nosso sistema eleitoral faz que o apelo ao voto dos cabeças de lista seja afinal o apelo ao voto para que elejamos o n° y, segundo as correspondentes expectativas, da lista A, B ou Z. Isto incomoda-me.

No fundo, o que me estão a pedir é para escolher no Domingo entre, por exemplo, a Sra. Caeiro do CDS, o Sr. Joaquim Biancard da Cruz do PSD, o Quartin Graça do Partido da Terra, a Sra. Laurinda do MEP, o Carlos Gomes do MMS e a Jamila Madeira do PS.

Convenhamos que isto é um desconsolo.
O meu voto numa lista é um voto em 22 pessoas que se eu pudesse apreciar à lupa me levaria a rejeitar se calhar mais de metade. É por isso que devia ser possível contabilizar votos preferenciais, ou seja, dar a possibilidade ao eleitor de marcar a sua cruzinha à frente de cada nome e assim distribuir um voto à Laurinda, outro ao Rangel, outro ao Quartin e por aí fora.

Pedirem ao eleitor para votar na Sra. Maria da Graça Carvalho ou no Biancard, na Sra. Caeiro ou na Sra. Jamila, é superior às forças de qualquer um.

Esqueçam essa idioteira do voto obrigatório e comecem mas é a pensar no voto preferencial.
Ajudavam-nos a saber como é que havemos de descalçar esta bota.

3 comentários:

  1. Muito pertinente! O voto preferencial é uma realidade em vários estados-membro da União e verifica-se que nesses países a participação nas eleições europeias é maior.
    Simon Hix, professor na LSE, escreveu em Janeiro deste ano, um artigo que revela essa mesma relação acrescentando que ainda se obteria melhores resultados com pequenos distritos eleitorais. Sugiro a leitura do interessante artigo.

    Aqui:
    http://personal.lse.ac.uk/HIX/Working_Papers/Hix_Hagemann-Can_EP_Elections_Be_Fixed-14Jan09.pdf

    Não será, de certeza, o único "remédio". Sou da opinião que o problema de fundo é a falta de fixação de agenda política nas instituições europeias, principalmente na comissão, de que, aliás, Simon Hix também fala.

    Cumprimentos

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  2. Com voto preferencial, Teresa Caeiro só conseguiria a eleição pelo BE.

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  3. Muito obrigado 'Patinho'. Fui ver esse site que recomendava e de facto não conhecia, mas já imprimi o texto e vou lê-lo com todo o interesse.

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