terça-feira, junho 16, 2009

Fundação Luso-Americana


A Fundação Luso-Americana é uma fundação privada, mas foi totalmente alimentada com dinheiros públicos, repartidos em partes iguais entre contribuições do governo dos Estados Unidos e dinheiros públicos fornecidos pelo Estado português. Até 1998, o governo português entregara à Fundação perto de 85 milhões de euros.

Apesar de já estarmos no segundo semestre de 2009, o último relatório e contas disponível no site da fundação refere-se a 2007. Fazendo fé em tal relatório, o activo monta a 134 milhões de euros ao qual se deve somar o valor das luxuosas instalações em Lisboa, então avaliadas em 12 milhões de euros. Ao que parece, gere uma carteira de títulos que só em 2007 terá rendido perto de 5 milhões de euros.

Tem um Conselho Directivo de 9 membros, integralmente nomeado pelo primeiro-ministro.
Tem um Conselho Executivo de 3 membros, cujo presidente é nomeado pelo primeiro-ministro. Pelo menos estes 3 são remunerados e, ao que parece, principescamente.
Tem um Conselho Consultivo de 10 membros.
Tem 5 ou 8 Directores e um Secretário-Geral.
Diz ter um total de 34 colaboradores, ou seja, um ratio de quase um empregado por gestor.
Gastou em 2007 pelo menos 2.250.000 euros em despesas com pessoal e pagou serviços ao exterior no valor de 685.000 euros.

Tem uma colecção de arte de cerca de 900 peças, 2/3 das quais são coisas em papel, e chamo-lhe 'coisas' porque na minha desajeitada opinião e à luz do que mostram no site, eu não queria nenhuma delas em minha casa nem dada, mas eu sou um bruto e um ignorante, portanto, adiante.

Mas o que me faz mais confusão é tentar perceber porque é que com tanto dinheiro e tanta gente à cabeceira deste palácio e desta generosa obra foi preciso suspender este ano:

a) O Programa de bolsas C&T papers para apresentação de Comunicações em Conferências no Estrangeiro;
b) O Programa de bolsas para desenvolvimento de redes de investigação Portugal - Estados Unidos;
c) O Programa de atribuição de bolsas para estágios e investigação com mais de 2 meses.

Se dispensassem alguns dos membros dos Conselhos ou alguns directores talvez poupassem qualquer coisa e mantivessem a razão de ser. Quais são afinal as prioridades desta fundação?

2 comentários:

  1. Quando nos pronunciamos sobre assuntos deste tipo é fundamental ser preciso para que não nos acusem de desconhecimento dos factos. A mim surpreende-me uma tamanha incorrecção como a referida.
    De facto ainda estamos no primeiro semestre...

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  2. Tem toda a razão: ainda faltam 14 dias para terminar o primeiro semestre. Foi a ânsia das férias. Se detectar outra incorrecção, fico-lhe grato que nos chame a atenção. Muito obrigado

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