quarta-feira, março 11, 2009

Um inferno na Terra


A República Popular da China é um Estado reconhecido internacionalmente, mas quer isso dizer que é um país, tal como se apresenta hoje em dia?

É claro que alberga diferentes nações, diferentes povos, diferentes línguas e diferentes culturas. Outros países , como a Índia ou a Rússia ou, noutra dimensão, a Espanha ou a Bélgica, também não são entidades monolíticas e, todavia, admito que constituem países com uma entidade específica.

A China será talvez um caso àparte. Vejam o mapa que junto.
Há ali zonas que correspodem a determinados povos (veja-se sobretudo Xinjiang e Tibete) que na minha opinião não são nem nunca foram de modo algum chinesas, seja de um ponto de vista social, étnico, cultural, linguistico ou histórico. Do Tibete fala-se muito e começa-se a falar também dos ouigours do Turquestão oriental.

Para simplificar, eu diria que a relação do Tibete com a China ao longo dos tempos terá sido uma coisa parecida com a de Portugal e de Espanha. Para simplificar. Mas a ideia de que o Tibete faz parte da China desde há mil anos é não só uma mentira como uma curiosa manipulação da história pois a primeira "reunião" da zona tibetana ao império Yuan foi obra de mongóis. O revisionismo histórico chinês chega hoje ao ponto de fazer do Gengis Khan um herói chinês!

Esta China com estas fronteiras não é sustentável e podem as autoridades de Pequim enviar milhões de hans para estas regiões, como já o fizeram na chamada Mongólia Interior ou como fizeram os russos com os países bálticos, mas mais cedo ou mais tarde a coisa rebenta.

Sim, porque do meu ponto de vista, uma China assim é um mito, como o era a União Soviética que se desmoronou como um baralho de cartas. Não sei onde lhe fixar as fronteiras ao certo, mas creio que não podem de qualquer maneira incluir no seu interior nem o Tibete Central nem o Turquestão Oriental.

O Dalai Lama reclama autonomia para o Tibete e pode ser que no momento da integração de Taiwan na China continental se congemine um esquema que atribua ao Tibete um estatuto autonómico semelhante ao que encontrarão para resolver o caso de Taiwan. Até lá, o Tibete continuará a ser um inferno na Terra.

douro

2 comentários:

  1. Uigures, caro Douro.

    Quanto ao mais não discordo, ainda que considere que as suas considerações só poderão ser observáveis a muito longo prazo, possivelmente mais de duas gerações - seguramente não uma.

    Aliás, convém não esquecer que os han são cerca de 92% da população... o que, mesmo admitindo alguma diversidade entre eles, sempre dá uma certa dimensão a esta questão. Poderia até argumentar-se que o problema de uma eventual expansão chinesa, ainda como império, é mais sério do que essoutro de uma eventual implosão...

    Cumprimentos

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  2. douro disse:
    Obrigado pela sua correção, Ventanias. Espero que não sejam precisas duas gerações, mas quem sabe? De qualquer forma receio que quando este Dalai Lama desaparecer a situação se agudize e tudo se precipite. Conto ainda cà estar quando isso acontecer.
    Saudações e aguardamos o seu novo post

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