Há já muito tempo que estou convencido que a Igreja sobrevaloriza as questões sexuais. É natural, atendendo a que a sua hierarquia é constituída essencialmente por pessoas que fizeram a opção anti-natural da abstinência. Para estas pessoas, falar de abstinência como solução não só é natural como é óbvio; é o que ele/as fazem diariamente (se cumprirem os preceitos). Não é por aí que se justifica o meu post.
Também reconheço, porque vivi alguns anos em África, que há pouca sensibilidade da Igreja em insistir na questão do preservativo. O problema naquele continente é cultural. As tradições e costumes africanos são propícios à propagação do flagelo. É por isso que a Sida ali assume as proporções alarmantes que vão sendo conhecidas. Também não é aqui que justifico o post.
Por outro lado, também compreendo que a Igreja não pode, e se calhar não deve, dizer coisas muito diferentes das que diz. O impulso sexual não é tudo na vida, pelo menos numa perspectiva cristã. Se qualquer um de nós não pudésse resistir a todo o impulso sexual que têm, haveria muito mais Sida em Portugal (e a nossa taxa é das mais altas da Europa), haveria muito mais filhos em Portugal (e a nossa taxa de fertilidade é das mais baixas da Europa), haveria muito mais violações, etc. etc. etc. Um dos pilares do cristianismo é esta ideia simples, mas essencial: o homem não está condenado à sua bestialidade; tem sempre escolha e, por isso, a possibilidade de se elevar a outros patamares de existência. Ou seja, o homem também pode, se quiser, abster-se. Mas também não é por aqui que justifico o post.
O post justifica-se por isto. A Esquerda considera o Papa um resquício de tempos ultrapassados, numa palavra, pouco mais que irrelevante. E no entanto, não consegue deixar de reagir furibundamente cada vez que S. Santidade se pronuncia sobre qualquer questão de costumes... É curioso.
Pior, contudo, é que depois denuncia toda a sua ignorância, nos argumentos a que recorre. Eu pretendo apenas repor a verdade num aspecto:
NÃO HÁ NENHUMA INSTITUIÇÃO, GOVERNO, PAÍS, ORGANIZAÇÃO, PESSOA, QUE FAÇA TANTO BEM EM ÁFRICA, A TANTAS PESSOAS, EM TANTOS LOCAIS, COMO A IGREJA CATÓLICA. Essa é que é a realidade. E entre esses milhares de missionários e missionárias, há em número mais do que suficiente os que distribuem preservativos, explicam o uso do preservativo, aconselham o uso do preservativo. Estes, mais do que ninguém, TEM O DIREITO DE PREGAR A ABSTINÊNCIA. E fazem-no. Com muita eficácia, entre franjas crescentes da população.
E se há forma de alterar culturas, é precisamente por aqui. Como faz a esquerda, por piores razões e com piores argumentos, na nossa Europa. Por exemplo quando defende o "casamento" dos homossexuais como um "direito", baseado na não "discriminação". Certo. Entendi-te.
E sabe, eventualmente, quantos desses milhões de católicos que tão preciosa ajuda voluntariosamente prestam, são "de esquerda"?
ResponderEliminarNão percebi essa da esquerda!
Sou de esquerda, fiz o liceu num colégio católico (apostólico romano). Estive, até saír do burgo, ligado ao desenvolvimento das aldeias SOS em Portugal!
Não tenho o direito, por ser de esquerda, de comentar o que diz a Igreja, pela voz do seu mais alto representante sobre o problema da Sida e da Hepatite C? Que dizima povos inteiros (ver Suazilândia)... que mata gente que nunca mais acaba?
Pois que sim! chame-lhe "acharnement"! se não percebe o meu interesse...
A esquerda não pode ser católica? Ou um católico não pode ser de esquerda?
ResponderEliminarTambém acho essa diatribe despropositada.