Se no dia-a-dia concreto há mitos a encobrir factos, imagine-se a mitologia que povoa o domínio das ideias e do espírito.
Um desses mitos é o "limbo". Refiro-me ao "Limbus infantium", ou seja, o lugar ou estado em que, segundo certos católicos , as crianças que morreram não baptizadas esperarão o fim dos tempos. Confesso que quando me ensinaram isto fiquei muito impressionado, pois imaginava uma sala grande cheia de bébés e miúdos a olharem uns para os outros e sem saberem o que fazer.
Mais tarde aprendi que havia também um "Limbus Patrum", ou seja, um outro lugar ou estado em que os patriarcas da Igreja, que viveram e morreram antes de Jesus Cristo, ficavam até que o Messias subisse ao Céu. Este "Limbus" terminou , portanto.
E se bem percebo, o Papa Bento XVI acaba de "fechar" também o "Limbo das crianças", ao autorizar a publicação de um documento de Abril de 2007 da Comissão Teológica Internacional, encomendado por João Paulo II, e que admite que aquelas crianças afinal poderão ir directamente para o céu.
Convenhamos que é um progresso que ainda mais nos afasta da tese aterrorizante de Santo Agostinho, seguida noutros concílios, que afirmava a ida directa para o inferno desses não baptizados.
Ou seja, a própria Igreja Católica reconhece hoje que esta ideia do limbo é bem capaz de ser um mito.
Estas coisas levam o seu tempo.
Um desses mitos é o "limbo". Refiro-me ao "Limbus infantium", ou seja, o lugar ou estado em que, segundo certos católicos , as crianças que morreram não baptizadas esperarão o fim dos tempos. Confesso que quando me ensinaram isto fiquei muito impressionado, pois imaginava uma sala grande cheia de bébés e miúdos a olharem uns para os outros e sem saberem o que fazer.
Mais tarde aprendi que havia também um "Limbus Patrum", ou seja, um outro lugar ou estado em que os patriarcas da Igreja, que viveram e morreram antes de Jesus Cristo, ficavam até que o Messias subisse ao Céu. Este "Limbus" terminou , portanto.
E se bem percebo, o Papa Bento XVI acaba de "fechar" também o "Limbo das crianças", ao autorizar a publicação de um documento de Abril de 2007 da Comissão Teológica Internacional, encomendado por João Paulo II, e que admite que aquelas crianças afinal poderão ir directamente para o céu.
Convenhamos que é um progresso que ainda mais nos afasta da tese aterrorizante de Santo Agostinho, seguida noutros concílios, que afirmava a ida directa para o inferno desses não baptizados.
Ou seja, a própria Igreja Católica reconhece hoje que esta ideia do limbo é bem capaz de ser um mito.
Estas coisas levam o seu tempo.
Douro:
ResponderEliminarConcordo consigo relativamente à impressão que causava a noção de limbo. Desde miúdo (muito pequeno) sabia, idependentemente de qualquer decreto Papal, que a misericórdia de Deus bastaria para garantir a bebés não baptizados o Céu.
Acontece que o limbo nunca foi aceite como um dado pela Igreja, muito menos foi um dogma e sempre foi apenas uma das muitas hipóteses teológicas, e existiu, como o Douro diz, e bem, apenas na cabeça de "alguns cristãos" (uns mais conhecidos do que outros...).
O Douro foi, portanto, ensinado por um deles.
O que aconteceu agora não foi, portanto, um recúo, mas antes um avanço, na medida em que a Igreja pôs termo a uma tradição que considera incorrecta.
A Igreja Católica eliminou o limbo ao afirmar que reflecte uma “visão excessivamente restritiva da salvação”.
Esta posição foi apresentada por um documento publicado pela Comissão Teológica Internacional, vinculada à Congregação para a Doutrina da Fé.
Esta comissão estudava há vários anos a questão do limbo e a publicação do documento - muito esperado - foi autorizada pelo Papa Bento XVI.
O limbo, como disse, nunca foi considerado um dogma da Igreja e não é mencionado no Catecismo.
Ou seja, a Igreja considera o baptismo como o caminho para a salvação, mas, nestes casos, a misericórdia de Deus é maior que o pecado. O que me parecia, de resto, óbvio.
Diz-se que “A graça tem prioridade sobre o pecado e a exclusão de crianças inocentes do céu não parece refletir o amor especial de Cristo pelos pequeninos"
A Comissão Teológica Internacional também afirma que “é cada vez mais difícil aceitar que Deus seja justo e misericordioso e, ao mesmo tempo, exclua crianças que não têm pecados pessoais da felicidade eterna”.
A Comissão Teológica Internacional começou a estudar o limbo em 2004, quando o actual Papa era o prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. Este avanço é, portanto, mais uma coisa que se deve ao actual Santo Padre.
Luís
Muito obrigado Luis pelo seu comentário. Não me considero um conhecedor da teologia católica e apenas constato como é que certas hipóteses evoluem. O meu ponto essencial é o de que seremos mais livres, na expressão nobre do termo, se formos aclarando que certas ideias são apenas mitos e que nos cabe o direito e a responsabilidade de os submetermos à crítica racional. Outra conversa será abordar estes assuntos numa prespectiva de fé , mas nisso não toco pois penso que é assunto privado de cada um.
ResponderEliminarSaudações calorosas
Caro Douro:
ResponderEliminarSou católico, mas por isso (eu diria mesmo, "e por isso") acho que a liberdade de pensamento, mesmo em questões relacionada com a fé, é importante.
Para os católicos, Deus é Pai. Ora, uma Pai justo dá liberdade aos seus filhos, embora lhes aponte caminhos e afirme uns caminhos como certos e outros como errados.
O nosso problema é que temos a tendência de esquecer que Deus é Pai, e elaboramos uma imagem de Deus à nossa imagem e semelhança: um Deus castigador, como nós gostamos de castigar; um Deus controlador, como nós gostamos de controlar; um Deus impediedoso a julgar, como nós somos impiedosos a julgar os outros, etc...
E depois, claro, perante esse deus, o que queremos é fugir dele.
Só que, bem vistas as coisas, não estamos a fugir d'Ele...estamos a fugir de nós próprios...
Cumprimentos
Luís
realmente, a ideia de uma sala cheia de bebés é um bocado assustadora!
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