« Começa-se por um pequeno de mau ensino, sua ponta de soberbo, falar em matérias altas, posto que delas se não saiba a metade do que se diz; acompanhar aos grandes ministros, visità-los e ser-lhes molesto.
Fingir zelo e siso, quer o haja quer não; guardar oportunas correspondências; desejar das damas, praticar sobre as novas, acudir ao paço, uma migalha de mexerico, quatro dedos de falar à vontade e gabar o que não importa uma mão travessa; achar razão, graça e justiça aos validos, importuno em lhes fazer cortesia, pontual em doenças, noivados e boas-festas, e ser liberal, que é oiro sobre azul; que com isto, e outra muita proluxidade, não pode aos trinta e cinco anos escapar vosso nome de andar nas consultas, quando menos em terceiro lugar.
Làstima é que para escolher um melão se façam mais provas e diligências de sua bondade que para um conselheiro e para um ministro”.
D. Francisco Manuel de Melo (Dialogo das Fontes)
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