terça-feira, novembro 25, 2008

Prós e contras e ... défices

O Prós e contras de ontem sobre a educação, ou melhor, sobre a avaliação dos professores, suscitou-me as seguintes reflexões. Há muito défice em Portugal. Provavelmente, défice a mais.

Défice na representação dos professores pelos sindicatos. Na verdade, já começa a cheirar mal a instrumentalização política que os sindicatos fazem, da angústia que sentem os professores. Acabarão por pagá-lo, como todos os devedores.

Défice do Governo na explicação dos méritos da avaliação que propôs. Tanto mais grave, quanto se trataria, se fosse para a frente, de uma das mais, se não mesmo da mais, importante reforma da educação nas últimas décadas. Também pagarão, cedo ou tarde.

Défice de diálogo entre Governo e Sindicatos, com graves consequências para a procura da resposta necessária, como vários professores deixaram claro. Pagamos todos, infelizmente.

Défice de promoção de uma escola pública de qualidade. Por culpa de todos. Os professores, que se alhearam demasiado tempo e, por isso, pactuaram com a degradação da escola pública. O Governo que não soube compreender o que significa liderar em democracia - sobre isso, já escrevi mais abaixo. Os sindicatos, que se apoderaram da agenda dos professores e da escola, para promoverem um modelo de sociedade em que já só eles parecem acreditar: sem avaliação, sem promoção do mérito e sem diferenciação - pelo mérito ou outra. Pagam, sobretudo, os mais pobres e os mais desfavorecidos socialmente, pelo desperdício dos nossos talentos, sobretudo aqueles dotados do recurso mais escasso: a massa cinzenta.

Défice de descentralização. Porque se toda a gente consegue estar de acordo até com os princípios desta reforma, que tanto criticam, o que ninguém parece aceitar é o facto de ser "imposta", do centro para fora e para baixo, e os processos que levam a essa imposição: uma promoção por mérito a professor titular que foi cega por ter sido imposta e por ter sido indiferenciada para todo o País, etc. etc. Continua a pagar o País, isto é, nós todos, porque não só estamos a destruir o nosso presente, como estamos a hipotecar o nosso futuro.

Será que ninguém, ao menos à direita, percebe o que isto significa? Será que atacar o centrão é um mero estratagema de politiquice? Será que à Direita também só há Défice?

É possível um Portugal melhor. Basta querer.

5 comentários:

  1. Adopção do cheque-ensino JÁ!

    Liberdade de escolha para todas as famílias, pobres ou ricas!

    Neste socialismo só os ricos têm liberdade de escolha! Os pobres estão condenados à escola dos funcionários públicos! A escola dos funcionários públicos é, cada vez mais, um albergue de pobres!

    PS. Que pena que o CDS, no poder, nada tenha feito para acabar com esta falta de Liberdade para todos. Na verdade, o CDS tb é socialista...

    Libertas

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  2. O amigo Ventanias usa a expressão «escola pública». Na verdade, todas as escolas são públicas: umas privadas, outras estatais. Isso de «escola pública» é conversa de funcionário público. Em concorrência, a escola dos funcionários público ou muda ou fecha!

    Cumprimentos,
    Libertas

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  3. Tem razão, em parte, o amigo Libertas. Na verdade, todas as escolas são públicas, na medida em que estejam abertas ao público. Mas também não deixa de ser verdade que nem todas as escolas são de acesso público. Isto é, nas públicas entra quem quer, nas privadas entra quem pode. O que não quer dizer que não concorde com a necessidade de concorrência.

    Mas isso também não significa que não possam existir escolas públicas. A questão é que isso não impeça a escolha dos pais e dos alunos. A questão é que isso não seja um óbice ao aumento da qualidade no sistema escolar.

    Cumprimentos

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  4. A Escola tem que ser um polo aglutinador de boas vontades, um núcleo duro capaz de gerar florescimento de qualidades, detalentos, de virtualidades.

    Agora há de facto um défice . Há um supeavit de instrumentalização, um excesso de voluntarismo pseudo-democrático.

    A ministra não é o vórtice do furacão. Ela é um peão que pode e deve ser tido em conta neste xadrês.Crucificá-la não é tudo.

    A educação não pode ficar reduzida a um somatório de egoísmos, a um estendal de manifs, a um desfilar de entrevistas nessa feira de vaidades que são os media.

    Há que ir mais fundo, mais além, voar mais alto.

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  5. «nem todas as escolas são de acesso público»

    É isto que é preciso mudar. Quem tem que ser financiado são as famílias, que - em liberdade - passariam a escolher a escola das suas crianças. As escolas privadas optariam por aderir ao sistema «público», nada podendo cobrar a mais às famílias do que aquilo que o Estado paga.

    É exactamente isto que se passa com o colégio dos Carvalhos no ensino secundário. Não são cobradas propinas aos estudantes. O colégio (por sinal excelente) tem filas de espera...
    Libertas

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