Pelo que li do estudo ali referido, o problema reconduz-se à questão que quiz abordar no meu post anterior. Na verdade, o problema não está no acesso aos computadores em tenras idades, mas sim na responsabilidade que isso acarreta para os pais, desde logo, e para os demais educadores, de seguida.
Nesse estudo afirma-se que os computadores não são adequados para crianças e mesmo para adolescentes, porque estimulam um tipo de raciocínio desadequado para quem ainda não está dotado dos mecanismos necessários para distinguir a realidade da fantasia.
O argumento é óbviamente falacioso, ainda que possa ter fundamentos reais. Repare-se que o problema também se põe em relação à televisão, por exemplo. Portanto, o problema não está aí.
O problema está na atitude desresponsabilizada com que nos habituamos a tudo fazer, nos nossos tempos. O Estado tem obrigação de tudo e nós de nada. Ora, eu não concordo com isso. Como já escrevi, a principal responsabilidade na educação dos meus filhos é MINHA e de Minha Mulher. Os outros intervenientes são técnicos, espera-se que especializados nas suas funções, que exercem as suas competências esforçada e esmeradamente (espera-se e exige-se). Não discuto com eles as suas opções técnicas, antes lhes peço conselhos como especialistas que são, mas a responsabilidade é minha (nossa).
Em relação ao computador, mais ainda. Acredito piamente que os meus filhos precisam do computador para serem crianças do seu tempo, hoje, e adultos do seu tempo, amanhã. Mas isso não significa que eu não tenha a responsabilidade, e portanto a obrigação, o dever, de controlar o uso que eles façam desse instrumento. Somos nós, os Pais, que fixamos as horas que passam ao computador; somos nós que controlamos o que fazem nessas horas; somos nós que lhes ENSINAMOS A DIFERENÇA ENTRE A FANTASIA E A REALIDADE, somos nós que os EDUCAMOS PARA ESSA DIFERENÇA, e que os FORMAMOS PARA AGIR E INTERAGIR NESSA DIFERENÇA. E por isso mesmo - com o mesmo argumento adaptado a outras situações - é que acredito, quero acreditar e sinto obrigação de acreditar que:
É POSSÍVEL UM PORTUGAL MELHOR. BASTA QUERER
Não ao Estado-Providência nem ao Estado-tutor! Bem observado.
ResponderEliminarcaro ventanias,
ResponderEliminarantes de mais obrigado pela posta. significa que nao deixaram esta caixa dos comentarios aqui por acaso.
tambem nao concordo com um estado-tutor nem lhe concedo um papel mais importante do que os pais nessa nobre e dificil tarefa que e educar.
no entanto, nao posso concordar que um professor primario seja apenas e so um tecnico. alias, julgo que, se assim fosse, estariamos numa sociedade bem mais desumana.
partindo, ainda assim , desse pressuposto, nao podemos esquecer que aprender a trabalhar com um computador e uma competencia eminentemente tecnica. sera optimo que alguns pais o possam ensinar aos filhos, tal como o ensino do ingles, da historia, etc. no entanto, o estado ao obrigar que seja frequentado o ensino ate ao 9º ano esta a dizer que, ha competencias tecnicas obrigatorias para todos, independentemente da sua condicao socio-cultural, e que o estado as assegura(a crianca nao precisa de um pai que saiba mexer em computadores para poder aprende-lo). note-se que, se assim nao fosse, os pais nao poderiam sair de casa as 9h da manha e regressar as 18h(pelo menos) porque com o tempo que lhes sobra nao sera o mais importante. ou seja, ha necessidade de separar tarefas. embora me pareca que estao interrelacionadas; um professor nao e so um tecnico e a realidade da educacao de valores acaba em casa.
dito isto, aprender a utilizar um computador como ferramenta de trabalho parece-me que e uma competencia da escola. uma competencia que pode ser ensinada com computadores comunitarios, mesmo que cada aluno tivesse uma hora de informatica por dia mais uma tarde de pesquisa por semana. desta forma o estado estaria a dar uma ferramenta de trabalho e aquilo que e necessario para a crianca aprender a utiliza-lo. para alem disso, o facto de os computadores serem utilizados por todos contribuiria para um sentimento de comunidade. "a escola como comunidade", "tenho de cuidar disto porque em parte me pertence e porque em parte pertence a outros". ou achara necessario que o computador pertenca totalmente a crianca para que ela aprenda a trabalhar com ele?
por isso, num portugal ideal ja nao me parecia necessario o estado dar os computadores.
agora, olhando para o portugal real, no qual os pais muitas vezes saem as 8h e chegam as 20h, no qual ha 120 mil criancas em risco social, ainda mais cuidados haveria a ter quando se entregasse computadores para as maos de criancas de 6 anos.
num pais onde o facilitismo na educacao se tornou principio basilar, num pais onde ha lacunas a nivel de infra-estructural, onde o desporto escolar e um mito, etc, parece-me que havia outros investimentos que a educacao estava a precisar. mas foram so 200 milhoes de euros, nao dava para fazer quase nada.
muito mais haveria a dizer, mas passarei por aqui, caso haja respostas.
francisco gm
ps- pode conter muitos erros porque nao e facil escrever nesta caixa.
Caro franciscogm,
ResponderEliminarCompreendo o seu ponto de vista. Também me parece que poderia haver outras coisas mais prioritárias, mas eu não estou no Governo, não me cabe a mim fazer as opções políticas. O Governo é que tem de as fazer, fez e será julgado por isso nas eleições.
Quanto ao mais, vou reflectir e talvez ainda volte ao assunto.
Se não, um grande abraço