domingo, junho 01, 2008

Selecção

Estou atónito com o que vejo à volta da nossa selecção (de futebol, para os mais incautos).

A equipa, ainda não o é. Apesar da vitória, fácil, contra a Geórgia, ainda não esqueci o que penamos na qualificação. Nem foi o que vi neste jogo que mo faria esquecer. De positivo, apenas a aposta no João Moutinho, que me parece poder dar garantias de alguma consistência ao meio campo, e a entrada de Pepe para a defesa; não creio que seja no seu centro que iremos encontrar problemas.

Quanto ao resto, o ataque pareceu-me desgarrado, e não vi que Scolari esteja disposto a inovar (o que eu queria era o C. Ronaldo a jogar como falso ponta de lança, com dois dos três seguintes, sempre em troca de lugares: Quaresma, Simão e Nani). O meio campo, ou começa a mandar na bola, ou vai ter problemas defensivos.

No entanto, o que me surpreende é o que rodeia a selecção. O entusiasmo do Povo é incompreensivel; deve ter a ver com a crise - isto é, uma vontade de se alhear dela.

Os jogadores parecem estar com a cabeça noutras questões, que não o empenho profissional na equipa e na construção de uma equipa vencedora.

A imprensa é o pior de tudo. Os jornalistas falam como se fossem descobrir um furo jornlístico a cada pergunta que colocam; perturbam o jogadores insistindo em questões que poderiam colocar aos seus representantes, deixando-os concentrarem-se na tarefa que tem pela frente; falam e escrevem como se as mudanças de clube, as vendas dos passes, fossem mais importantes do que as prestações desportivas, em campo - fazendo o jogo dos dirigentes que tanto gostam de criticar; serão certamente os mesmos que a seguir virão criticar os jogadores, se algo correr menos bem. Falam de sermos candidatos ao título em abstracto, como se da resposta a essa questão dependessem as hipóteses da selecção. Que eu saiba, é no campo que se ganham os jogos, e os títulos. Há de facto uma responsabilidade destes jogadores: tem obrigação de jogar bem, de se esforçarem ainda mais e de, pelo menos, construírem um bom grupo. O resto, virá por acréscimo.

A bem da selecção, seria bom que a imprensa desse algum espaço aos jogadores. Que procurasse a notícia onde ela possa acontecer, loonge dos jogadores, e que não estivesse sempre a por a tónica nos negócios que se podem fazer à volta de um europeu. Seguramente que esses negócios serão mais interessantes se a selecção fizer um bom europeu (Lembram-se do Nuno Gomes, a seguir ao europeu de 2000?).

Deixem os jogadores treinar e jogar. O resto virá depois.

Receio que se possa estar a preparar uma desilusão, caso os jogadores não se concentrem no que é importante: treinar e jogar bem. Oxalá eu me engane.

1 comentário:

  1. Não se engana. Esta selecção é um logro, o treinador um ogre. O Povo é um povo culturalmente desnutrido, que come o que lhe põem na manjedoura...
    Duarte

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