segunda-feira, maio 19, 2008

TAÇA

Parabéns ao Sporting pela reconquista da Taça. Quanto ao Porto foi miserável!

Uma liderança que não se apresenta com força, deslocada para um canto de uma bancada, em segundo plano, um plantel defensivo, retraído, sem jogo, com um treinador a dar sinais de início de férias, a inventar mudanças de última hora, não é revelador de bons ventos vindos das Antas.

O Dragão necessita de uma volta na vida para nos poder dar as alegrias que se tornaram habituais nos últimos anos.

2 comentários:

  1. Este artigo é cópia de um comentário do utilizador ‘Cesário’ ao artigo “A Guerra”, que publico com a devida vénia.
    (Nota: O título do artigo, os negritos e as fotos são da minha autoria e responsabilidade)

    Eu não sou portista mas tal facto não me impede de encarar os factos com seriedade e de os tratar como tal; factos e não convicções.

    Presentemente tenho que confessar que já não consigo calar a minha revolta e estupefacção pelo momento que atravessa Portugal.
    Assistimos, neste momento, ao assassinato social de uma personagem pública, em absoluto frenesim mediático e perante o gozo, finalmente alforrio, de três quartos do país. Pinto da Costa é o seu nome e atrás dele arrasta-se pelo chão o nome do clube a que ele preside - o Futebol Clube do Porto.

    Na entrega dos Globos de Ouro, onde o Jesualdo Ferreira recebeu o galardão de treinador do ano, as vaias e apupos que se ergueram só não foram mais explícitas na transmissão televisiva por causa das palmas pré-gravadas; esta reacção fez-me corar de vergonha como se tivesse sido eu o alvo. Perante a audiência das elites mediáticas sufragou-se o nojo do país por tal clube e presidente.

    No dia seguinte a um outro espectáculo mediático, este o da leitura da sentença da Liga de Clubes, publicaram-se notícias sobre a perda de sigilo bancário de Pinto da Costa em relação a contas de empresas suas, vítimas de denúncias de Carolina Salgado.
    Quando o inimigo cai no lodo não se deve cometer o erro estratégico de o deixar levantar; as solas das botas servem para alguma coisa.

    Mas afinal qual a causa que levou, finalmente, à condenação, não dos tribunais – que estes são o que sabemos – mas em sede da opinião publica (desportiva?), do homem por causa de quem foi formada a segunda equipa especial de investigação do Ministério Público em toda a história da terceira república em Portugal?
    Antes desta só uma foi criada e foi-o para investigar um outro fenómeno de "proporções equivalentes": as FP 25 de Abril.

    O que está aqui em causa não é se ele é corrupto ou não. Eu disso não sei e se o for não sei se é muito diferente dos que o perseguem, inclusive dos que dirigem o meu clube.
    O que está aqui em causa são duas acusações específicas, ocorridas numa determinada data, envolvendo determinadas pessoas. Acusações que são o corolário de anos de investigação por parte da mais cara e mais "independente" equipa de investigação em Portugal e que continuamos a pagar como se não houvesse problemas mais graves a resolver neste pais. Por mais que alguns queiram, não se trata de absolutamente mais nada.

    Todos os que comentam este caso confessam, em privado ou na televisão, o seu desconhecimento do processo, mas no entanto louvam a coragem da condenação.

    Como é possível? Que estado de loucura é que nos atingiu?
    De certeza que não é por causa das escutas telefónicas que Pinto da Costa será condenado, porque se for, não se compreende por que é que as escutas que mostram Luís Filipe Vieira, João Rodrigues e Veiga a escolher árbitros e pedir favores, e que foram publicados nos mesmos jornais, não deram origem a processos.

    De certeza que não é por causa do testemunho de Carolina, porque em qualquer parte do mundo ela não seria considerada uma testemunha credível. Não por causa do seu passado de alterne, mas porque é uma companheira desavinda e com pronunciada e notória intenção de denegrir o antigo companheiro.

    Para além disso nunca conseguiu apresentar qualquer prova do que afirmou, exibindo apenas testemunhos contraditórios. E testemunhos valem o que valem. Todos podemos dizer mal ou bem de quem nos apetecer.

    Pinto da Costa é condenado porque existe uma generalizada convicção de culpa. De que é corrupto e que arquitecta os resultados do clube a que preside há mais de vinte e cinco anos e que portanto este não os merece e que lhes deviam ser retirados.


    Esta convicção continua a ser uma convicção e não uma certeza, depois do falhanço da toda-poderosa equipa de Morgado em apurar factos novos e emancipados da Carolina. Neste momento a equipa da eminente magistrada investiga transferências de jogadores do FCP e mais recentemente empresas de Pinto da Costa para apurar fugas ao fisco. Tudo com base nas informações de Carolina. Já não se trata de futebol. É a procura de um ponto fraco, do calcanhar de Aquiles. Trata-se de um inimigo que urge abater a qualquer custo. Se doer melhor.

    Eu nisto não me revejo. E quem possui, então, esta convicção tão forte que até se confunde com uma certeza? Esta convicção que desmobiliza qualquer interesse sobre aspectos legais ou morais e apenas direcciona para o pelourinho. Os adeptos do Porto não a têm, claro. Têm-na os adeptos dos seus dois clubes realmente rivais, os quais constituem perto de três quartos dos adeptos em Portugal. E como é possível que massas tão colossais de pessoas tenham crenças tão parecidas ou tão diferentes?
    A explicação não me parece difícil.

    Todos se lembram do campeonato ganho pelo Sporting em 1999/2000?
    Pois o Sporting chegou ao último jogo com dois pontos de vantagem sobre o Porto, depois de o segundo ter sido "roubado" de uma forma – mesmo eu tenho que admitir – inacreditável, por Bruno Paixão em Campo Maior. Os meus amigos portistas ficaram cabalmente convencidos da corrupção desse campeonato que lhes roubou o "Hexa".

    No ano seguinte o mundo do futebol escandalizou-se com a benevolência com que o "sistema" permitiu ao Boavista molhar a sopa em praticamente todos os relvados do país, deixando uma esteira de mortos e feridos nas fileiras adversárias.

    Em 2001/2002 o Sporting ganhou um campeonato em que os adeptos contrários se indignaram com o número de jogos resolvidos com penaltis. As suspeitas foram como de costume descomunais.

    Em 2004/2005 o Benfica arrecadou um campeonato invulgar, pisando com pezinhos de lã o que se convencionou chamar de "passadeira vermelha". Mais uma vez foi grande e generalizada a revolta e a suspeita.


    Ora, este curto parágrafo contém a descrição de todas os campeonatos ganhos por equipas adversárias do Porto desde 1994 e isto é que constitui o cerne do problema.

    Basta aplicar a fórmula explicada em cima para se perceber o porquê do ódio ao Porto e da convicção, por parte dos adversários, da sua culpa e da do seu presidente que tem permanecido o mesmo. Neste país ninguém ganha por merecimento. Tudo ganha na batota.

    Ganhasse o Porto dois campeonatos por década e era um clube simpático e o presidente um tipo culto que até declama poesia, passe a pronúncia.

    É claro que existe corrupção no futebol. Ninguém é ingénuo. No futebol e na politica, nas modalidades amadoras e sociedades recreativas. A corrupção existe onde existem interesses. Nas mesas de café, por entre cervejas e tremoços, os amigos e conhecidos repartem amigavelmente estas histórias e convencimentos, riem-se do golo que marcaram com a mão e ofendem-se com a vista grossa feita à bola que bateu em pelo menos 15% do ombro e portanto deveria ser penalti.

    Falta apenas o catalisador de todas estas energias, positivas e negativas e o catalisador são os media. No momento em que escrevo este texto não sei quantas pessoas o vão ler, mas se o fizer na televisão sei que vai ser escutado por milhões.
    Os dirigentes dos clubes que não ganham o suficiente, ou então velhas comadres desavindas, extravasam os seus ódios e dissimulações nos meios de comunicação e catalisam todas as frustrações dos adeptos que conduzem da mesma forma que os políticos gerem os povos nos comícios e mesas de voto.

    Temo que o processo tenha ido longe demais e apenas a justiça civil tenha oportunidade de repor o estado de direito que permanece na aparência mas que foi suspenso de facto. Nesta sociedade, quem acusa tem que provar, não o contrário.
    Nesta sociedade, perante a justiça, causas iguais originam processos iguais. Não pode haver discriminação. Não pode haver perseguição. Aquilo que está aqui em causa é apenas demonstrar se os dois acontecimentos de que Pinto da Costa é acusado são provados ou não. O resto é política, mediatismo ou clubite.

    Quando a chacina de uma pessoa por causa de campeonatos ou outra coisa tão mesquinha como esta, é permitida – gostemos da pessoa ou não da pessoa, e eu não gosto – mais vale mudarmos de vida. No fim, o trago será sempre amargo.

    Assim não vale a pena.

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  2. Um benfiquista de Lisboa (dizem haver uns 200.000 dessa estirpe) meu amigo dirigiu-se-me por escrito lamentando que o castigo ao clube que designou por "CF Belém" tenha, em termos de pontos, sido igual àquele que o FCP sofreu por aquilo que, no entender dele e, para usar as suas próprias palavras, era, para as "pessoas decentes", um "humilhante castigo".

    Trata-se de pessoa de bem, mas lamentável e inelutavelmente sujeita à propaganda do regime vermelho, embora também possa aqui dizer-se com propriedade que "todo o burro come palha", e este meu amigo deverá estar bem anafado desse asinino alimento, que ele me perdoe na sua magnanimidade.

    Insinuava também esse meu amigo que, a exemplo da Dinamarca no Europeu de 1988, também o SL Benfica (e peço desculpa de neste blogue referir tal nome), mesmo sem aceder "por mérito desportivo" à Liga dos Campeões da próxima época, poderia vir a ser a sensação da prova (não foram estas as suas palavras, mas era o que delas se podia inferir) no caso - para eles, benfiquistas e lisboetas, puros, desinteressados e eticamente irreprováveis, coisa da mais elementar justiça - de o FCP ser pela UEFA impedido de participar na Liga dos Campeões da próxima época.

    Respondi ao meu amigo, o qual, pelo menos, ao contrário de muitos, tem o mérito de ser adepto de um clube da sua terra e, sem pretender maçar-vos, aqui transcrevo essa resposta, depurada dos termos que poderiam torná-la impublicável ou até susceptivel do muito em moda, entre nós, "procedimento judicial":

    "Caro Ludovico,

    Mal ou bem, o FCP não recorreu porque o recurso só pode versar sobre "matéria de direito" e não sobre "matéria de facto". Ou seja, aquilo que aquele que já vi designado por típico benfiquista portuense e notável jurista (e confesso que não sei se preenche alguma destas duas qualidades) Ricardo Costa deu como provado, num lamentável estilo triunfalista, já o CJ da FPF não pode rever, mas apenas os meios legais utilizados e as penas aplicadas.

    Quanto ao "CF Belém", e independentemente de os regulamentos e respectivas penas aplicáveis serem feitos pelos clubes, incluindo o seu, só lhe digo o seguinte: utilizar um jogador indevidamente é mais grave que tentar baldadamente corromper um árbitro, em termos de efeitos sobre um jogo. Sim, não se esqueça que o FCP foi apenas condenado por "tentativa" e isto porque os relatórios dos "peritos" Jorge Coroado, Adelino Antunes e Vítor Pereira que o tribunal cedeu à Liga dizem que o FCP NÃO foi beneficiado nos jogos em causa (jogos, alias, terrivelmente importantes e difíceis: em casa contra o último - Estrela da Amadora - em Janeiro de 2004, quando o FCP dispunha já dos proverbiais 8 pontos de avanço sobre, neste caso, os lagartos; e fora no Beira-Mar - jogo que até terminou 0-0, a três dias das meias finais da LC na Corunha, quando o Porto já era praticamente campeão).

    Estes casos tinham, aliás, sido arquivados pelo MP, até que apareceu uma ex-amante sofrida, digna de algumas das mais arrebatadas páginas camilianas, a escrever um livro com a alegada, segundo a imprensa, co-autoria de uma notória benfiquista e, ainda de acordo com as mesmas "folhas", financiado por um tal "Apêndices Auriculares", além de ter sido nomeada pelo MP para tomar conta do caso uma Maria da Fonte de estilo justicialista, que logo se encarregou de reabrir os ditos processos, no meio do aplauso geral da famigerada nação justiceira e benfiquista.

    Falou você na sua amável epístola em "pessoas decentes", nas quais obviamente o incluo a si, e creio que você fará o favor de a mim me incluir. Pois as "pessoas decentes" não acham bem que o Benfica tenha "negociado" com o Estoril - ainda propriedade do famigerado José Veiga, e dirigido por um antigo director do Benfica, de nome António Figueiredo - a mudança do jogo entre os dois clubes da Amoreira para o Algarve, e ainda menos bem acharam quando nada se passou em termos judiciais, apesar dos protestos dos treinadores do Estoril, que se disseram ameaçados de despedimento pelo tal Veiga;
    as "pessoas decentes" não acham bem que o Benfica, nessa mesma época de 2004/05 em que "milagrosamente" ganhou o campeonato, tenha ido contratar o José Fonte e o Morato ao Setúbal na semana em que lá ia jogar; também não pareceu bem às "pessoas decentes" que esta época que agora finda o mesmo Benfica, o clube paladino da justiça, tenha ido contratar o Jorge Ribeiro ao Boavista na semana anterior a jogar com o Boavista; acharam ainda as "pessoas decentes" pouco correcto que, mais uma vez, o Benfica tenha contratado o jogador Ruben Amorim do Belenenses na semana anterior ao jogo na Luz com os ditos "pastéis";
    não se esquecem também as "pessoas decentes" da famosa frase do "Apêndices Auriculares" segundo a qual "mais importante que reforçar a equipa é ter dirigentes nos órgãos do poder do futebol" no que, aliás, acaba de provar-se que o tal "Apêndices" tem toda a razão;
    ainda se lembram também as "pessoas decentes" que nas escutas do Apito Dourado ainda o mesmo "A. Auriculares" aparece a dizer a Pinto de Sousa, ou lá a quem é, que, se não lhe arranjarem o árbitro que ele quer, ele trata "disso por outros caminhos", e ficam intrigadas - mas já não surpresas - as "pessoas decentes" por que motivo este indivíduo não foi colocado sob escuta nem judicialmente investigado;
    as "pessoas decentes" também acham estranho que as investigações no futebol sejam só de Leiria para cima, embora apreciem que, por uma questão de 20 km, Fátima seja deixada no território dos honestos;
    as "pessoas decentes" lembram-se também que, aquando da irradiação dos árbitros Inocêncio Calabote e Reinaldo Silva, o clube beneficiado por estes lídimos representantes da honrada arbitragem lusa de antanho - o impoluto SLB - não foi, nem ao de leve, castigado pela "justiça" futebolística.
    Finalmente, as "pessoas decentes" lembram-se que na época de 2003/04, a tal em que terão ocorrido os tão escabrosos eventos envolvendo o FCP, este clube até foi campeão europeu e era treinado pelo agora, pela comunicação social lisboeta, idolatrado José Mourinho, o qual, diga-se, se tem remetido a um também escabroso, mas não surpreendente, silêncio.

    Um decente abraço

    A.

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