Por uma vez estou solidário com o Primeiro Ministro. Sócrates, que é tantas vezes justamente acusado de funcionar permanentemente num registo de propaganda e encenação, ignorando a realidade, quando decide ser sincero ninguém o toma à letra. Eu acho que ele acha convictamente, como todos nós, que existem inúmeras razões para censurar o Governo - aliás, todas as semanas somam-se mais algumas -, embora possam não ser exactamente as suscitadas pelos comunistas. Não entendo porque é que ninguém levou a sério Sócrates na sua melhor hora em termos de seriedade, precisamente quando ele fala verdade aos portugueses.
Se calhar é porque a seriedade não se compra nem se aluga, ou se tem ou não se tem, como diz o Pacheco Pereira. É como a credibilidade. Ultimamente no PSD acham que credibilidade se confunde com pose e gravidade. Não é verdade, é muito mais. Não sou do PSD e, por isso, não consigo "ver" MFL com os olhos benevolentes e laudatórios do meu amigo Daniel Brás Marques. Não estou certo de que MFL disponha das qualidades que lhe são emprestadas pelo Daniel num belíssimo texto, aliás, mas que mais parece um caderno de encargos sobre as virtudes de um líder ideal, segundo o Daniel, do que um retrato da candidata. Para além disso, não vejo vantagem em desprezar o que se chama de "sound bytes", julgando que os eleitores vão reconhecer a diferença e a mais valia no ar discreto e frágil de MFL. Creio que é um engano. Os líderes políticos que têm ganho eleições ultimamente na Europa, à esquerda e à direita, como Zapatero, Berlusconi, Sarkozy, Cameron e até Merkel num certo sentido, independentemente do seu valor e qualidades intrínsecas, não descuram a eficácia na transmissão da mensagem política. A mim ainda não me chegou mensagem nenhuma de MFL.
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