segunda-feira, abril 07, 2008
Criançada, uni-vos!
Um organismo, cujo nome não vale a pena mencionar, decidiu declarar guerra às máquinas de bolas com chocolates que funcionam com moedinha porque não sendo possível ver o que vem dentro do ovo de plástico o jogo de azar está viciado. E o Público lembrou-se de perguntar: “e os furinhos das feiras populares, esses grandes negócios que concorrem ilegalmente com os casinos?” E lembrou bem. Vou chamar as autoridades para invocar perante elas a gigantesca violação da liberdade de escolha que foi nunca poder ter sabido onde espetava o estilete quando me punha em bicos de pés para furar o cartão daquelas caixas da Regina e da Favorita que havia no Palácio de Cristal, e em todos os balcões de cafés do país quando éramos todos muito tristes e desprotegidos. A cor da bolinha só se via quando aparecia a correr no cantinho da rampa da parte de baixo da caixa e era sempre azul ou verde, mas nunca, ou quase nunca, a dourada. Desconfio que a bolinha dourada nem estava lá dentro! Porque é que nunca nos foi dada informação suficiente? Porque é que nunca fomos abordados antes de fazer o furinho por alguém devidamente habilitado que nos esclarecesse das escassas possibilidades que tínhamos de ganhar aquela caixa monumental de bombons que tinha sempre na tampa um medonho collie a ser abraçado por uma menina sorridente com um laçarote vermelho na cabeça? Porque é que os pais nunca se deram ao trabalho de investir num cartão inteiro para ver se a bolinha dourada saía mesmo? Isto era mesmo uma balda inqualificável…
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