Sou accionista do BCP desde 1990, ano em que comecei aí a trabalhar. Durante 10 anos assisti e dei o meu modesto contribuito para a história de sucesso em que o BCP se tornou. Nestes anos todos nunca fui a nenhuma assembleia geral. Nos primeiros 10 anos porque não podia, era colaborador do Banco e nos últimos 7 porque achei que não era necessário.
As recentes notícias de ingerência politica e do Estado neste Banco privado do qual sou pequeno accionista e me diz muito, levaram-me a ir hoje à assembleia geral.
Fui à AG porque me pareceu que a iniciativa de Miguel Cadilhe merecia apoio. Mesmo que avalie positivamente a maioria das pessoas que integram a lista de Santos Ferreira, a forma como ela nasceu e o facto de ter existido uma clara ingerência do Estado, na minha opinião marcam de forma definitiva e negativa esta lista.
Para mim a lista de Miguel Cadilhe é o que é normal uma empresa privada, surge de forma independente e garante independência. Por mim já não discuto mais nada. Como vão ver a seguir houve pouco mais para para discutir.
Aqui estou eu a partilhar as minhas impressões principais:
1. O BCP elegeu um CA e um Presidente que não apresentou aos accionistas em AG nem a sua estratégia nem os seus objectivos. Não ouvimos nem vimos o Dr. Santos Ferreira! Apenas ouvimos Miguel Cadilhe repetir (e muito bem) o que apresentou no seu site e o que foi dizendo nos últimos dias à Comunicação Social. Os accionistas como eu que esperavamos um debate de estratégias, ficaram assim mesmo, á espera. O vencedor anunciado não pôs lá os pés. Na minha perspectiva fez muito mal e desrespeitou a AG e os seus accionistas.
2. Existiu uma clara clivagem entre pequenos accionistas e grandes accionistas. Para ilustrar posso referir que Sanos Ferreira ganhou de forma esmagadora com quase 98% dos votos mas convenceu apenas 280 das cerca de 800 pessoas que estavam naquela sala. Isto é mais de 500 pessoas, embora representassem apenas 2% do capital, votaram ao lado de Miguel Cadilhe. Eu acho significativo este facto. Não coloco em causa a justezas das regras. Quem investe mais, arrisca mais e merece ter mais importância na tomada de decisões. Muito menos coloco a legitimidade, Santos Ferreira e a sua equipa têm-na toda. O problema é que os pequenos accionistas são a base dos clientes do Banco e demonstraram desconfiar da lista de Santos Ferreira. Este facto parece-me da maior importância. O Banco vive de clientes e se os seus clientes mais próximos (são accionistas) não confiam na Administração do Banco é natural que não venham a confiar no Banco.
3. Durante quase duas horas assisti aos discursos de muitos pequenos accionistas a dizerem sempre o mesmo: Houve ingerência do governo e do Estado e isso é, como disse Cadilhe, imperdoável. Quem me lembre apenas um expressou apoio a Santos Ferreira. Eu acho isto muito representativo da forma como os accionistas e a maioria dos clientes pensam. Não podemos negar que será um problema dificil de resolver para esta Adimistração.
4. Os grandes accionistas que tão unidos votaram em Santos Ferreira foram completamente desunidos nos restantes pontos. Em mais nenhuma votação houve este "score". Este facto é da maior importância para a estabilidade do Banco. Se eles não se entendem o problema do BCP irá manter-se. Recordemos que o único problema do BCP é com os seus accionistas e com o facto de não se entenderem quanto ao futuro.
5. O Banco continua passível de ser alvo de uma OPA. Está barato e não tem accionistas de referência. Accionistas de referência são os que estão no longo prazo com o Banco, que suportam uma estratégia e uma Administração e que garantem uma fiscalização próxima à estratégia que está a ser posta em prática. Para o pequeno accionista, os accionistas de referência garantem a existência de rentabilidade futura. Não vejo nenhum accionista nestas condições e muito menos um grupo de accionistas que garantam a necessária estabilidade de gestão.
Ter acções de um Banco é um investimento. Quando escolhemos quem vai Administrar o Banco, estamos a escolher quem melhor valorizará este investimento. Este facto faz toda a diferença de uma eleição "normal". Depois desta eleição não há oposição. Não faz sentido. Também é o meu investimento. Por isso eu gostava de não ter razão e de, daqui a um ano, porque isso vai significar que o meu investimento criou valor e deu-me rendimentos. É isto que espero.
Mas que a coisa começou mal e que fico preocupado por andar completamente desaparecido o Presidente do meu Banco. Conheço-lhe a cara por fotografias que já vi na imprensa, acredito que ele existe, não lhe conheço a voz nem as suas ideias para valorizar o meu investimento.
Olá João,
ResponderEliminarEstou 100% de acordo contigo. Repara: a única vez que este novo presidente se dirigiu aos que lhe vão garantir o suporte para o vencimento chorudo, os colaboradores, foi num email de 3 linhas, vazio de conteúdo e sobretudo desrespeitoso, para aqueles que suportaram as grandes dificuldades de 2007 e deram o seu melhor pela casa.
Esse senhor, até hoje, não fez rigorosamente nada em termos de alteração de estratégia para o futuro das acções comerciais do MBCP que se notasse.
Assim, e dada a conjuntura, não me parece que o Banco venha a ter melhores resultados que em 2007...
Aleluia ao falso do sócrates!