quarta-feira, janeiro 09, 2008

A FARSA COR DE ROSA

O nosso querido líder pretendia, a bem dos portugueses, referendar o tratado europeu. Parece que a França, a Alemanha e o Reino Unido não o deixam, coitado, ameaçando mesmo que caso ele leve avante a sua intenção as relações bilaterais serão severamente postas em causa. Noutros tempos estaria a chegar à barra do Tejo uma canhoneira.
Eu estou com Sócrates. Tenho a certeza de que ele vai enfrentar corajosamente os poderosos e não se vai submeter às imposições das potências estrangeiras. Nós somos um país soberano, que diabo, e Sócrates é o nosso chefe e não vai deixar ficar mal o orgulho nacional. Por muito menos do que isto houve um levantamento nacional no século XIX. Acho até que deveríamos abrir uma subscrição pública e patriótica para financiar a compra de um couraçado.
Não temos o mapa cor de rosa mas temos a farsa cor de rosa.
Nem sei o que é mais ridículo. Se o anúncio da pré-posição socrática favorável ao referendo, apenas para criar uma "vaga de fundo" em contrário, se as razões humilhantes invocadas para o recuo. Não chegava Cavaco, que não conta para nada, tinham de vir Merkel, Brown e Sarkozy, juntos e ao vivo, para quebrar Sócrates. É engraçado notar que a tese do "ele quer mas não o deixam", como medida de protecção do chefe, era muito comum no Estado Novo.
Sócrates não percebe que ambos os actos da sua farsa são tão óbvios que se tornam cómicos e, por isso, trágicos.

2 comentários:

  1. Com esta farsa abre-se hoje um novo capítulo na história politica portuguesa: o da mudança de regime. Se possível, evitemos que o bébé (a democracia) vá com a água do banho (a choldra em que isto se transformou).

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