Aí vai uma confissão: sempre embirrei com o Pai Natal. Não consigo ter simpatia por um velhote obeso que trabalha apenas uma noite por ano, anda por aí vestido de vermelho e gosta de sentar crianças no colo. E o que dizer da duvidosa relação dele com as renas, sobretudo com Rudolfo?
Eu sei que esta opinião não é muito original, mas pronto, é o que acho do raio do velho. Não gosto do Pai Natal nem gosto de palhaços, daqueles de nariz vermelho, sapatões e cara pintada. Deve ser trauma de infância.
Depois de uma consulta rápida à Grande Enciclopédia das Coisas Perfeitamente Inúteis apurei que o Pai Natal começou por ser St. Nicholas, um bispo da Ásia Menor do século VI, referenciado por salvar marinheiros, defender crianças e oferecer generosas prendas. Como é que St. Nicholas se transformou no velhaco Santa Claus é coisa que não consegui apurar, mas graças ao Google estou em condições de confirmar que o Papa Paulo VI também não era grande apreciador do personagem, ao ponto de ter ordenado, em 1969, que a festa de St. Nicholas fosse retirada do calendário oficial Católico Romano.
Seja como for, o Pai Natal (Santa Claus, Pére Noel, Papai Noel, ou simplesmente "O Bom Velhinho) chegou ao século XXI vivinho da silva. Aparece na televisão em anúncios de jogos de computador, viagens, refrigerante, chocolates, e por aí fora, incentivando miúdos e graúdos ao consumo mais desenfreado. E vem sempre acompanhado por aquela música lamechas de Natal que dá vontade de puxar do revóver. E as renas, não esqueçam as renas.
Infelizmente, a popularidade do Pai Natal é tão grande que há muito atirou para segundo plano o Menino Jesus, figura mais amável até para um half jew como eu. O Menino era fixe e em tempos mais felizes enchia o sapatinho das crianças portuguesas com chocolates, livros dos Cinco, e camisolas de lã com cotoveleiras de cabedal e estampadas com losangos.
Esse, ao menos, era um dos nossos. Trabalhava com o pai adoptivo, só saíu de casa dos pais aos 30 anos, julgava que a mãe era virgem e esta acreditava piamente que ele era Deus. Mas, pensando bem, esta descrição roubada descaradamente à Bíblia do Humor Judaico serve para quase todos os portugueses, Super Dragões incluídos.
No tempo em que os animais falavam , o então genial Herman apresentou na RTP um sketch notável que vale a pena recuperar. Considerem-no o meu presente de Natal (ou prenda de Natal, para o pessoal do Norte).
Obrigado Rui.
ResponderEliminarPelo que tenho lido nos jornais e na publicidade (made in Lisboa), é mais para o Sul que se fala em prenda de Natal. Aqui continua a ser "presente".
Seja como for, um Bom Natal
JAC
Uauuu!
ResponderEliminar... e no Centro como se diz? E nos Açores? E na Madeira?!!! Loucura!
O que são sinónimos?? É pá, vou ter de comprar um dicionário "Braga/Castelo Branco" e um "Espinho/Almada" senão não me safo em Portugal!!! É que podem-me não entender...
... é só iluminados!
Pobre Direita... para onde caminhas!
Obrigado e um bom Natal.
ResponderEliminarZé Mexia