Ontem, no Público, Vital Moreira falava de uma “ofensiva falhada contra o ensino público” que se ficaria a dever à consciência de que, apesar das deficiências e insucessos que persistem na escola pública, ela está para melhorar. Tal e qual: “as coisas estão em vias de melhorar com as reformas em curso”. Devem estar. É o que o Estatuto do Aluno (que já vai na terceira versão) promete, e a rapaziada também acha. Segundo a nossa Ministra da Educação deve distinguir-se a falta dada pelo aluno do que ele “sabe”. E é claro que o que um aluno sabe não tem nada a ver com aulas, regimes presenciais, disciplina, e muito menos com professores…um aluno que nunca, mas nunca põe os pés numa sala de aula, pode andar cá por fora a adquirir competências valiosissimas para a sua vida de relação, a aprofundar conhecimentos técnicos que lhe vão permitir entender e manusear melhor os conceitos e enfrentar com outro nível de preparação provas académicas de elevada exigência: pense-se no que o bilhar, a condução de motociclos, o são convívio entre géneros numa esplanada, quiçá mesmo o manuseamento de um pé de cabra podem fazer pela cultura geral e científica de um rapaz :-) ! Nestes casos, é único dever da escola e dos contribuintes – nós – oferecer a este bom rapaz com ideias próprias sobre o sistema de ensino uma prova de recuperação no encerramento do ano lectivo capaz de lhe permitir começar um novo ano escolar cheio de progresso e recompensas :-). É certo, que já li, que o rapaz pode ver-se excluído da realização desta prova de recuperação se faltar a ela injustificadamente. É chato. Já agora, também deveria poder faltar a esta avaliação sempre que quisesse. Mas compreende-se. Também não se pode exagerar na permissividade senão as coisas definitivamente não melhoram :-). E as perguntas da prova de recuperação talvez não devessem ser exageradamente difíceis, digo eu - é só um pequeno contributo pessoal - já que, no fim de contas, ela é destinada a alunos que podem não ter a mesma estrutura de concentração dos outros colegas que ficaram todo o ano sentados nas suas mesas e cadeiras, e ainda arriscaríamos uma violação do princípio da igualdade na avaliação :-)….. Então isto não está a melhorar?! Olé, se não está!
Caríssima Paula,
ResponderEliminarHá um aspecto da diatribe de Vital Moreira sobre o qual muito gostaria de te ver discorrer:
"A terceira razão que favorece a escola pública tem a ver com a sua insubstituibilidade em termos de igualdade de tratamento e de igualdade de oportunidades, sem discriminações económicas e sociais e sem obediência a orientações religiosas ou doutrinárias, que sempre constituiu o leit motiv da defesa do ensino público."
Ou muito me engano ou o argumento invocado é falacioso; sobretudo quando comparado com a explicação subsequente:
"É isso que torna "infungível" (ou seja, insubstituível) o bem especial que é o ensino público, numa escola aberta e não confessional, ao contrário das outras prestações públicas, desde a água aos cuidados de saúde, que todas podem ser prestadas indiferenciadamente por operadores privados."
Que me dizes?
gostei mesmo muito da "posta"!
ResponderEliminarjgg
O que eu acho é que está tão bem ou tão mal que o próprio ME considera que os alunos que não frequentam as aulas têm um nível de conhecimento igual aos que as frequentam! Então os que as frequentam não estão lá a fazer grande coisa né?!?!
ResponderEliminarOl� Ventanias!
ResponderEliminarComo � evidente, parece-me que deve haver lugar para ensino p�blico e privado desde que ambos tenham qualidade, e n�o posso achar que "privado" seja s� por si sin�nimo de privil�gio e discrimina�o. Nesse ponto, e no que toca ao "tom" do texto, n�o posso estar mais em desacordo com o seu autor. No entanto, n�o tenho d�vidas que Vital Moreira tem raz�o quando assinala o papel insubstituivel que o Estado teve, e ainda tem na educa�o, e que penso que deve manter, como deve manter no sector da sa�de (n�o acho nada que seja uma presta�o equivalente ao fornecimento de �gua...). Sempre me custou admitir que bens essencialissimos da popula�o possam ficar inteiramente dependentes de operadores privados por mais isentos e capazes que eles sejam. E perguntas: porqu� Porque apesar de tudo s�o privados, isto � porque se orientam por l�gicas de lucro que n�o de interesse p�blico, o que pode mesmo fazer perigar a "igualdade de tratamento e a igualdade de oportunidades". Em todo o caso, para mim "insubstitu�vel" n�o quer dizer exclusivo nem �nico. Quer dizer papel de vulto, e reconhecimento e colabora�o com outras entidades na presta�o dos melhores servi�os poss�veis � popula�o...mas, sei l�!! � o que eu acho...
Olá Assunção
ResponderEliminarEssa parte da questão é verdadeiramente interessante, não é? Dá a ideia de que as aulas não servem para rigorosamente nada, porque se as faltas que um aluno dá não interferem com o que ele sabe ou pode saber...os professores estão lá a fazer o quê?