Catalina da Fonte

Catalina Pestana é uma mulher corajosa. Já tinha ficado com essa impressão do tempo em que foi Provedora da Casa Pia. Lendo as entrevistas que deu ao Sol (http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Default.aspx),
confirma-se essa impressão. Porque não se vê muito bem o que possa ganhar com o que diz nas entrevistas. Porque ao contrário do que é habitual, chama os bois pelos nomes, todas as pessoas de quem fala são nomeadas, não há hesitações. Porque se for verdade tudo o que diz, deve saber bem que as redes de que fala provavelmente poderão vingar-se.

Mas o pior de tudo, e o que dá mais força à entrevista, é o repto que nos lança a todos. Por menos do que isto, fez-se a revolta da Maria da Fonte que, por razões várias, redundou numa guerra civil de vários meses.

O que esta entrevista denuncia é a institucionalização do abuso. O sistema, que se mantém apesar da mudança do regime e que prosperou na democracia, permite que senhores/as poderosos abusem das crianças mais fracas e mais desprotegidas.

Não há garantias de arguidos que justifiquem o tempo que este processo já consumiu. Pela minha parte comprometo-me, aqui e mais tarde quando não o fizer sob pseudónimo, a levar esta luta às últimas consequências. Na medida em que possa, ou venha a poder, não esquecerei a vergonha que para mim já é este processo. Tudo farei para que se venham a conhecer os nomes dos culpados e para que a sua memória seja conspurcada como merecem. Independentemente de serem ou poderem ser julgados em tribunal.

"Mais lhes valia que atassem uma corda ao pescoço e se atirassem a um poço". Hei-de poder fazê-los arrependerem-se de não o terem feito.

Se não pudermos fazer mais nada, ao menos não havemos de esquecer.

Um dia, a Nação há-de acordar. Creio e espero que esse dia está cada vez mais próximo.