sexta-feira, setembro 28, 2007

Santana e Mourinho

Contra a opinião corrente - mais uma vez... - , não penso que Santana Lopes tenha sido o pior Primeiro -Ministro de Portugal, parece-me, isso sim, que a imprensa, no seu conjunto, lhe "fez a cama" desde o início, dado ter sido o primeiro-ministro mais à Direita que tivemos desde o 25 de Abril em Portugal. E não foi difícil, o próprio Santana deu uma ajudinha com alguns deslizes e alguma incontinência verbal perfeitamente evitáveis em alguém com o traquejo político que Santana Lopes tinha, e com assessores de imagem e de imprensa mais atentos. Para além disso, Santana estava sózinho, órfão do seu próprio partido, que, como se tem visto, principiou nessa altura a dar sucessivos tiros que começaram no pé e estão quase a acertar no coração.

Tudo isto a propósito dos comentários aqui postados sobre a posição vertical, corajosa, politicamente incorrecta, que Pedro Santana Lopes tomou aquando da interrupção da sua entrevista em detrimento da reportagem da chegada de Mourinho e seus milhões a Lisboa. Perante uma Ana Sá Lourenço desconcertada mas defensora, à outrance, da asneira que a Sic acabava de cometer - mais uma... -, Pedro Santana Lopes explicou porque não podia continuar a falar seriamente de um tema que deveria ter a atenção de, pelo menos, uma parte do País. Porque a crise do PSD, quer queiramos ou não, afecta a nossa democracia, e espelha-a.
Santana Lopes demonstrou que não anda, apenas, por aí! Está vivo e politicamente lúcido, conservando uma característica que sempre lhe apreciei: a sua independência face aos barões e interesses do Partido, e face às ideias dominantes. Santana continua sendo, apenas, ele próprio e o seu pensamento.
E isso permite-lhe, por vezes, manifestar uma revolta serena e pensar contra a corrente. É disso que hoje em dia o país necessita: quem pense contra a corrente.
Nesse sentido, admiro-o e acho de louvar a atitude desassombrada que soube tomar.

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