Bem vindo Rui. De entre as várias saborosas provocações do Rui Baptista houve uma farpa subtil e reveladora que me suscitou particular atenção.
Antes de mais, tenho de dar algumas informações. Sou (fui?) do CDS, sou católico (enfim, faço os possíveis), sou monárquico (mais ou menos) mas, tal como Rui Baptista não sou portuense (nasci e cresci em Coimbra), nem sou um verdadeiro portista (o clube que me faz sofrer é a Académica). Já passei férias em Moledo há muitos anos e não tenciono voltar a passar, moro na Foz há 16 anos, nasci numa família conservadora e cresci muitos para os lados.
Como disse, no meio destas considerações bem dispostas houve um ferro curto do Rui Baptista que me impressionou: "não tarda que um de nós aponte um dedo acusador a Lisboa".
Bem sei que o Rui estava a ser irónico, mas isto corresponde a uma ideia muito em voga no Sul (o Sul para este efeito começa em Aveiro): a de que o Porto se está sempre a queixar, reclama de Lisboa por tudo e por nada, cheio de complexos e desejoso de encontrar um bode expiatório para os seus males que, claro está, começam e acabam em Lisboa. O Porto não desperta simpatias no resto do país, como muito bem tem dito Rui Moreira.
Ora, não sendo eu portuense nem tendo, antes pelo contrário, nada contra Lisboa, acho esta tese muito injusta. Tradicionalmente, o Porto até nem nunca exigiu nada de extraordinário para si, queria apenas que não existissem interferências da capital e que houvessem condições para se desenvolver e governar. Desconfiava de Lisboa, sim, mas não por estar fraco ou por necessidade.
Reconheço que nunca o Porto esteve como hoje tão fragilizado sob qualquer ponto de vista: social, político, cultural e económico. Do mesmo modo, causa ou consequência, nunca como hoje o Porto dispôs de tão fracas elites (ou lá o que é) sociais, políticas, culturais ou económicas. As razões para isto são inúmeras, mas uma muito importante e decisiva é a excessiva concentração de todo o tipo de poderes e de decisores em Lisboa. O mundo é o que é e a culpa não é só de Lisboa, nem só do Porto, mas ao equilíbrio do país faz falta um Porto importante. Deve-se, pois, contrariar esta tendência centralista antes que seja tarde. O país fica mais débil com a perda de relevo do Porto, ao contrário do que se pensa a sul de Aveiro.
Só que, quando há uma crise de emprego em Setúbal, fazem-se planos de emergência e os governos afadigam-se a despejar investimentos na região. Quando é o distrito do Porto o mais afectado pelo desemprego, é como nada se passasse e se alguém aponta para o tema, lá estão os gajos do Porto sempre a queixarem-se de Lisboa.
Como os problemas existem e se tem de começar por algum lado, porque não apontar realmente um dedo acusador a Lisboa?
bernardo, tem cuidado que ainda te acusam de coisas pavorosas. Claro que como tu dizes, o nosso Portugal está cada vez mais centralista e isso é muito mau, seja para o Porto, seja para Braga, Aveiro ou Castelo Branco. Mas denunciar isso traz normalmente acusações de parolismo.
ResponderEliminarnão me parece que o BLX corra esse risco. a forma como as coisas foram postas é muito mais do que uma correcta mera forma. é um indício de substância que, neste caso, coloca a posta acima de qualquer acusação. de parolismo ou outra.
ResponderEliminarMENTIRA| Tem o gaju doa OCULOS que ladra nao canta ha e tem O SOUSA TAVARES!........
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