Já é vulgar ouvir-se dizer que quando alguém parte, é também um pouco de nós que também morre. Eduardo Prado Coelho, era uma daquelas companhias diárias, pessoais e intransmissíveis.
Apesar de, muitas vezes, não poder subscrever (se calhar a maioria) as opiniões que partilhava, não podia deixar de reconhecer o carácter humanista da sua formação. A vastidão dos seus interesses levavam-nos a percorrer os caminhos da Poesia, da Filosofia, da Antropologia, da Literatura, do Ensaio, do Cinema. Era um homem superior, como diz Agustina, “na minha terra chamam-se aos homens inteligentes, homens de boa memória”. E de “boa memória” será, seguramente recordado.
Se por um lado, a sua escrita tinha algo de revelador, de descodificador, por outro tinha uma força criativa profunda. Conseguia criar aforismos, pequenas definições de emoções, de lugares, de pensamentos, de gostos. Verdadeiras impressões impressas.
E, ao mesmo tempo, condimentava toda esta sageza com um profundo sentido da mais pura ironia. O que fazia da sua crítica um enlevo de elogio ou um cadafalso mordaz.
Vai-me fazer falta a sua redescoberta diária. O Fio do Horizonte deixou-nos, mas ficará, estou certo, no firmamento.
Apesar de, muitas vezes, não poder subscrever (se calhar a maioria) as opiniões que partilhava, não podia deixar de reconhecer o carácter humanista da sua formação. A vastidão dos seus interesses levavam-nos a percorrer os caminhos da Poesia, da Filosofia, da Antropologia, da Literatura, do Ensaio, do Cinema. Era um homem superior, como diz Agustina, “na minha terra chamam-se aos homens inteligentes, homens de boa memória”. E de “boa memória” será, seguramente recordado.
Se por um lado, a sua escrita tinha algo de revelador, de descodificador, por outro tinha uma força criativa profunda. Conseguia criar aforismos, pequenas definições de emoções, de lugares, de pensamentos, de gostos. Verdadeiras impressões impressas.
E, ao mesmo tempo, condimentava toda esta sageza com um profundo sentido da mais pura ironia. O que fazia da sua crítica um enlevo de elogio ou um cadafalso mordaz.
Vai-me fazer falta a sua redescoberta diária. O Fio do Horizonte deixou-nos, mas ficará, estou certo, no firmamento.
É de facto alguém que perdurará, como sinal de superioridade moral e de interpenetração "integral".
ResponderEliminarNem sempre concordei com a sua postura, logo após o 25 de Abril, mas, apesar disso, admirava a sua capacidade de análise, o seu profundo embrenhamento nas coisas da cultura (lato sensu).
Um pouco gongórico no estilo, mas suficientemente lúcido para ter acolhimento em vários segmentos da nossa intelectualidade, que se sentirá um pouco órfã, com a sua ausência (física, apenas...).
Paz â sua alma!
Quando se diz que o Sporting é um clube das elites, isso também tem muito a ver com o facto de ter adeptos e simpatizantes intelectuais como EPC, sem pejo de assumir que gostam de futebol e que têm um clube. EPC, que cultivava uma atitude aristocrática, não tinha preconceitos pseudo-intelectuais. Era capaz de escrever sobre o “nosso” Sporting e, mesmo assim, ser lido por quem detesta futebol. Porque quando escrevia sobre futebol abordava o fenómeno como uma pessoa normal. Com coração, cabeça e estômago. Também por isso, sendo um homem assumidamente de esquerda, chegando, às vezes, a escrever como se de um “spin doctor” do PS se tratasse, era lido e respeitado em todos os quadrantes políticos. Porque era livre nas suas escolhas, nos seus elogios e nas suas críticas. Desde a fundação do jornal “Público”, em 1990, EPC escrevia diariamente sobre as grandezas e as misérias da cultura, da política e da sociedade portuguesas, a partir dos episódios do quotidiano. Tinha amigos de estimação. E inimigos também. Como qualquer ser humano marcante e perene.
ResponderEliminar